É preciso construir novas lideranças sem destruir o que dá certo no ES

Crise do passado e estabilidade do presente devem servir de baliza para que futuros gestores políticos consolidem os avanços do Estado nas próximas décadas

Publicado em 06/11/2023 às 03h00
Palácio Anchieta, sede do governo do Estado, em Vitória
Palácio Anchieta, sede do governo do Estado, em Vitória. Crédito: Ricardo Medeiros

Depois de um período de grave crise entre o fim da década 1990 e o início dos anos 2000, o Espírito Santo recuperou a estabilidade institucional nos últimos 20 anos. Com a saúde financeira em dia, há 12 anos conquista nota A no Tesouro Nacional. Tornou-se um Estado que consegue cumprir as obrigações e realizar investimentos. A tal ponto que tem sido um exemplo para todo o país, como salientaram a economista-chefe do Santander, Ana Paula Vescovi, e o CEO do Bradesco Asset, Bruno Funchal, durante o Pedra Azul Summit, promovido pela Rede Gazeta.

A importância de manter esse controle nas contas públicas, sem perder de vista os investimentos necessários, foi abordada por empresários no mesmo evento. “Não pode haver retrocessos”, disseram. Um recado claro com foco nas próximas eleições gerais, como destacou o colunista Abdo Filho. Em 2026, o Estado deve eleger pela primeira vez, desde 2002, um governador diferente de Paulo Hartung e Renato Casagrande. Impõe-se, dessa forma, a necessidade de criar novas lideranças capazes de sustentar a ordem institucional do Estado. Afinal, essa estabilidade serviu de atração para investidores, que viram nas terras capixabas um porto seguro para seus negócios.

O caminho para que o Espírito Santo permaneça como um oásis de equilíbrio fiscal, em meio a vários Estados em dificuldade financeira, pode passar pela criação de um amplo movimento estadual de construção de novas lideranças políticas, unindo empresários e sociedade, como apontou o cientista político João Gualberto, também durante o Pedra Azul Summit. Essa busca deve envolver lideranças capazes de compreender o cenário que se desenha para o Estado nos próximos anos. Algo que vai além das transformações digitais e da influência – muitas vezes negativa – das redes sociais.

Há uma reforma tributária em curso no Congresso Nacional que vai provocar mudanças significativas no sistema de arrecadação dos entes da Federação. Para o Espírito Santo, há perdas previstas, como o fim dos incentivos fiscais e a mudança da aplicação de impostos do local onde o produto é fabricado para onde ocorrer o consumo. Gestores públicos precisarão estar preparados para lidar com essa transformação para que a queda de receita não coloque em risco as finanças estaduais.

Também existem mudanças sociais em curso que necessitam ser compreendidas. João Gualberto destacou a ascensão do segmento evangélico neopentecostal. Setor que trabalha com a ideia de prosperidade e de empreendedorismo e se diz muito preocupado com a corrupção.

Outro aspecto é o envelhecimento da população, conforme dados do Censo 2022, divulgados recentemente pelo IBGE. Há 40 anos, quatro de cada dez capixabas tinham menos de 14 anos. Atualmente, são dois em cada dez. Os idosos, que representavam 3,8% dos capixabas nos anos de 1980, correspondem agora a 11,2% dos moradores do Estado. Caberá aos gestores desenvolver políticas públicas, englobando desde a saúde até o lazer, que contemplem o crescimento dessa camada social.

Esses são apenas alguns desafios que devem fazer parte do compromisso que futuras lideranças políticas precisarão firmar com o Estado. As lições deixadas pela crise do passado e os aprendizados com a estabilidade do presente devem servir de direcionamento aos novos gestores públicos. Não pode haver espaço para aventureiros que destruam os avanços obtidos nas últimas décadas.

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