Confusão em bloco parece notícia de outros carnavais. Até quando?

Festa clandestina atraiu uma multidão de 10 mil pessoas à Praia do Canto, em Vitória, e terminou em pancadaria no último sábado (1°). Onde os responsáveis têm falhado em sua função de garantir diversão sem transtornos?

Publicado em 03/02/2020 às 16h00
Atualizado em 03/02/2020 às 19h02
Confusão em baile clandestino na Praia do Canto, em Vitória. Crédito: Reprodução/Internet
Confusão em baile clandestino na Praia do Canto, em Vitória. Crédito: Reprodução/Internet

Um bloco não autorizado atraiu uma multidão de 10 mil pessoas à Praia do Canto, em Vitória, e terminou em pancadaria flagrada em vídeo, no último sábado (1º). Parece notícia de outros carnavais. Mais uma vez, o Espírito Santo é marcado pela violência em festas de rua clandestinas, o que levanta um debate urgente: onde os responsáveis têm falhado em sua função de garantir diversão, no país do carnaval, mas sem confusão?

Ninguém pode alegar que foi pego de surpresa. Apesar da clandestinidade, o evento não era nenhum segredo. Tanto que integrantes da prefeitura, da Polícia Militar e da associação de moradores do bairro reuniram-se por duas vezes, antes da festa, para definir ações e evitar possíveis prejuízos à coletividade. Não cola, portanto, a afirmação de que havia apenas uma “suspeita de que talvez acontecesse”, como disse um secretário de Vitória.

O primeiro erro foi permitir que o evento começasse com mobilização da Guarda Municipal e de policiamento aquém do necessário para controlar fluxo de pessoas, veículos de som e ambulantes. Depois que a multidão toma as ruas, é impossível dispersá-la sem transtornos.

O segundo equívoco foi subdimensionar a festa. O Triângulo das Bermudas é um tradicional reduto boêmio de Vitória, que ano após ano é palco de blocos de rua, legais ou ilegais. No ano passado, após outro evento sem autorização e saldo de depredação, a administração municipal solicitou investigação da Polícia Civil para identificar os organizadores e, assim, multá-los. O objetivo era punir para coibir novas ocorrências...

O terceiro desacerto, esse mais sutil, é não assegurar o acesso equânime da população a opções de lazer e cultura. Se dez mil pessoas comparecem a uma “festa”, sem qualquer estrutura para tal, é sinal claro de que há demanda reprimida.

Não se trata de beatificar os organizadores do evento. Há claro desrespeito às regras que delimitam os usos do espaço público, e essas regras são sagradas. Mas antes de serem sacramentadas, deve haver ambiente sadio para diálogo e construção coletiva. Dizer que a rua é pública é dizer que ela é de todos. Muitos ainda insistem em encará-la como se fosse sua. Outros tantos teimam em tratá-la como se fosse de ninguém. Não se vai muito longe andando nos extremos.

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