Confiança no jornalismo promove maturidade democrática

O mundo passa por uma crise de descrédito pelas instituições, que são pilares democráticos, e o fortalecimento do jornalismo sério (uma expressão paradoxal, pois o que não é sério não é jornalismo) ajuda a sustentar a própria noção de civilidade

Publicado em 27/06/2022 às 02h00
Jornalismo digital
Jornalismo digital. Crédito: Kaboompics .com/ Pexels

A confiança do brasileiro na imprensa está acima da média global. O Relatório sobre Notícias Digitais de 2022, do Reuters Institute, revela que, no Brasil, 48% da população confiam nas notícias na grande maioria do tempo, enquanto na média dos países esse percentual é de 42%. No ranking internacional, o país só fica atrás de Finlândia, Portugal e Alemanha. As entrevistas foram feitas em 46 países.

É uma vitória do jornalismo profissional brasileiro, sem dúvidas, ainda que haja muito espaço para avançar. Um reconhecimento do compromisso com a informação, resultado de métodos e princípios éticos que norteiam a prática jornalística e a diferenciam do mero boato. O jornalismo está sempre em busca de confirmações, trabalha com a apuração e a checagem dos fatos, e é essa organização que o distingue no oceano de fake news que circulam livremente na internet. É o remédio para a desinformação.

O mundo passa por uma crise de descrédito pelas instituições, que são pilares democráticos, e o fortalecimento do jornalismo sério (uma expressão paradoxal, pois o que não é sério não é jornalismo) ajuda a sustentar a própria noção de civilidade que parece se desmantelar. Educação midiática continua sendo essencial para a formação de cidadãos mais preparados, com visão crítica das informações que chegam a suas mãos.

O jornalismo não se cala diante dos malfeitos, mesmo nas esferas mais altas do poder.  O jornalismo fiscaliza o poder público e grita quando é necessário, ouvindo todos os lados envolvidos e munindo de fatos o consumidor da notícia, então capaz de reivindicar seus direitos. Por outro lado, o jornalismo também se alimenta de boas iniciativas, que melhoram a qualidade de vida da população e dão esperança de dias melhores.

Mas também há reveses: a pesquisa mostra que 54% dos entrevistados no Brasil afirmaram ter se desinteressado por notícias, o que tem sido chamado de fadiga informativa, ampliada durante a pandemia. Se, em um primeiro momento, o jornalismo foi essencial para se separar o joio do trigo das informações sobre a Covid, o prolongamento indeterminado da crise sanitária acabou provocando um desgaste, acentuado pelas más notícias econômicas e políticas.

O jornalismo, contudo, não pode se dar ao luxo de descansar. Não pode pecar pela omissão. No Brasil e no mundo, os desafios persistem, não só relativos à pandemia. As desigualdades, a violência e as injustiças cansam, são desanimadoras, mas não desaparecerão se forem ignoradas. É importante que cada cidadão conte e confie na vigília permanente da imprensa, com seu profissionalismo. É com essa persistência que se constrói credibilidade e se atinge a maturidade democrática.

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