Ao dar voz ao nazismo, ex-secretário de Cultura assumiu a atrocidade

Roberto Alvim tentou se justificar, afirmando que as palavras de Joseph Goebbels traduziam a sua visão de cultura, o que não significaria aceitar a violência do Terceiro Reich. Exoneração foi punição esperada

Publicado em 17/01/2020 às 17h24
Secretário de Cultura, Roberto Alvim. Crédito: Reprodução/Twitter
Secretário de Cultura, Roberto Alvim. Crédito: Reprodução/Twitter

Não foi um tropeço, foi uma queda no abismo. Um membro de um governo que venha a público para compactuar, tão descaradamente, com o ideário nazista merece total repúdio. Não há desculpas, o ex-secretário especial de Cultura Roberto Alvim fez a apologia da maior barbárie do século XX, imperdoável.

Felizmente, a punição não demorou, com a sua exoneração. Justificar a sucessão de escolhas estéticas e ideológicas do vídeo que divulgou o “Prêmio Nacional das Artes” como mera coincidência foi espezinhar a inteligência de 209 milhões de brasileiros.

O presidente Jair Bolsonaro se viu sem saída. O mesmo presidente que reiteradamente passa dos limites com declarações de louvor à tortura e à ditadura viu que a situação do então secretário era insustentável no cargo.

O presidente que prometeu, em seu discurso de posse, respeitar a “tradição judaico-cristã”, teve uma pressão a mais nesse episódio, até mesmo do presidente do Senado, Davi Alcolumbre, um judeu. Entidades ligadas a Israel não ficaram caladas. O embaixador do país no Brasil expressou seu descontentamento, o que, acredita-se, foi decisivo para o afastamento.

É possível que pela primeira vez Bolsonaro tenha se atentado para a importância de um equilíbrio institucional, do qual ele deve ser um permanente maestro. Não é fácil para alguém que não enxerga o papel de seus atores, como a própria imprensa. O Estado democrático de Direito não impõe limites à toa.

A estratégia de combate ao "esquerdismo" na produção cultural, uma crítica recorrente do atual governo, foi equivocada e lastimável, com ainda mais ideologia. A política de Estado narrada por Alvim em tom solene no fatídico vídeo é direcionista, restritiva e elitista.

O dramaturgo afirmou, em uma de suas justificativas, que as palavras de Joseph Goebbels traduziam a sua visão de cultura, o que não significaria aceitar as atrocidades cometidas durante o Terceiro Reich. Cultura, para os nazistas, era estratégia de propaganda. Estratégia de convencimento para a atrocidade. Não houve água e óleo no nazismo.

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