Publicado em 16 de setembro de 2020 às 15:55
O relator do Orçamento de 2021, senador Márcio Bittar (MDB-AC) disse nesta quarta-feira (16) que foi autorizado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) a criar um novo programa social em substituição ao Renda Brasil, abortado na terça (15) pelo chefe do Executivo.>
"Fui solicitar ao presidente se ele me autorizava colocar dentro do Orçamento a criação de um programa social que possa atender milhões de brasileiros que foram identificados ao longo da pandemia e que estavam fora de qualquer programa assistencial. O presidente me autorizou", disse Bittar ao deixar um almoço com Bolsonaro. Ele já havia tomado café da manhã com o presidente.>
Bittar, no entanto, não disse de onde sairiam os recursos para bancar o novo programa social. ?>
"Não adianta agora a gente especular do que que vai tirar, de onde vai cortar. Mas eu estou autorizado pelo presidente, ele me deu sinal verde e, a partir de agora, vou conversar com os líderes do governo no Senado e na Câmara, com a equipe econômica", afirmou.>
>
O senador disse que pretende entregar o relatório já na próxima semana.>
A reportagem procurou o Palácio do Planalto para comentar as declarações de Bittar, mas não houve resposta até o momento.>
O anúncio feito pelo relator do Orçamento é contraditório com a manifestação de Bolsonaro no dia anterior.>
Em vídeo publicado nas redes sociais, Bolsonaro disse que havia desistido de lançar o programa Renda Brasil, uma reformulação do Bolsa Família.>
O presidente ameaçou com "cartão vermelho" integrantes da equipe econômica que defenderem medidas como o corte de benefícios de aposentados e deficientes.>
"Até 2022, no meu governo, está proibido falar a palavra Renda Brasil. Vamos continuar com o Bolsa Família. E ponto final", afirmou na terça-feria.>
Na gravação, o presidente ressaltou que foi surpreendido por manchetes de jornais, entre elas a do jornal Folha de S.Paulo, segundo a qual o governo planeja revisar cerca de 2 milhões de benefícios destinados a idosos e deficientes.?>
A medida, que vinha sendo estudada pela Economia e pela Cidadania, poderia gerar uma economia de R$ 10 bilhões por ano. O objetivo seria endurecer a regulamentação dos critérios para recebimento do BPC (Benefício de Prestação Continuada).>
"Eu já disse há poucas semanas que jamais vou tirar dinheiro dos pobres para dar para os paupérrimos. Quem por ventura vier propor a mim uma medida como essa eu só posso dar um cartão vermelho para essa pessoa", disse o presidente.>
A decisão do presidente levou o Congresso a acelerar a discussão de projetos que possam criar um programa de renda mínima mais abrangente que o Bolsa Família.>
No Congresso, o fim dos estudos para lançar o Renda Brasil havia provocado a retomada de discussões que estavam paralisadas, à espera do texto do novo programa social.>
Deputados articulavam a votação de projetos para criar uma renda mínima que, ainda que não seja universal, inclua mais brasileiros de baixa renda que o Bolsa Família, que hoje atende 14,3 milhões de famílias, conforme dados de agosto.>
Bolsonaro, no entanto, temia perder para a esquerda a pauta social que elevou sua popularidade e que ele pretende usar como ativo na tentativa de reeleição em 2022.>
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta