Publicado em 17 de dezembro de 2024 às 20:54
BRASÍLIA - O plenário do Senado aprovou nesta terça-feira (17), em votação unânime, o projeto de lei complementar que refinancia a dívida dos Estados com a União pelos próximos 30 anos. O texto, aprovado pela Câmara dos Deputados na semana passada, segue para sanção. No Senado, o placar foi de 72 a 0.>
Em acordo com o governo, o relator, senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), removeu o dispositivo que autorizava o Executivo a executar de forma provisória as despesas previstas no Orçamento de 2025, caso a LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) não seja aprovada neste ano.>
A salvaguarda tinha sido articulada durante a discussão do projeto na Câmara dos Deputados diante do risco de apagão no Orçamento do ano que vem.>
A Constituição obriga o Congresso Nacional a aprovar a LDO antes do recesso de julho, mas, a quatro dias úteis do recesso de dezembro, a lei ainda não foi aprovada. Uma sessão do Congresso está prevista para esta quarta (18). O governo também espera a aprovação do PLOA (projeto de Lei Orçamentária Anual) na quinta (19).>
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O projeto de lei aprovado cria o chamado Propag, Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados, com condições mais favoráveis para os superendividados. Juntos, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul detêm cerca de 90% do estoque da dívida dos Estados com a União.>
A proposta reduz o atual indexador da dívida de IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) mais 4% ao ano para até juro real zero mediante investimentos no próprio estado e entrega de ativos, como empresas públicas e créditos judiciais, à União.>
A mudança foi encabeçada pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que deixa a presidência em fevereiro do ano que vem. Reduto eleitoral de Pacheco, Minas Gerais está hoje no RRF (Regime de Recuperação Fiscal), programa de socorro para estados em péssimas condições financeiras.>
Para tentar atender aos estados menos endividados, que estão sobretudo no Norte e Nordeste, o projeto estabeleceu a criação de um fundo de investimentos a ser abastecido pelos estados mais endividados como contrapartida ao alívio nos juros pagos à União.>
Os Estados que tiverem alívio terão que destinar entre 1 e 2 pontos percentuais da dívida, relativo à parte da redução dos juros, ao chamado Fundo de Equalização Federativa. O montante exato vai depender da fórmula de adesão: nas situações em que houver a entrega de ativos para abater o passivo, o repasse ao fundo ficará menor.>
Além disso, 80% dos recursos serão distribuídos segundo os coeficientes do FPE (Fundo de Participação dos Estados), que recebe parcela de impostos federais e prioriza transferências a estados com menor renda per capita. Outros 20% vão ser repartidos pelo inverso da relação entre endividamento e RCL (receita corrente líquida) – quanto menos endividado, mais beneficiado será o estado.>
Alcolumbre rejeitou parte das alterações propostas pela Câmara dos Deputados, mas manteve o prazo de adesão ao programa até 31 de dezembro do ano que vem (em vez de 120 dias). O prazo de renegociação do saldo restante será de até 30 anos.>
O senador também concordou com uma mudança feita pelos deputados a pedido do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, diante da situação de calamidade pública enfrentada a partir das enchentes deste ano. O projeto mantém a dívida suspensa até 2027 e desobriga o estado de contribuir com o fundo durante o período de calamidade.>
A votação foi acompanhada pelos governadores do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), e de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo) Durante a leitura do parecer, Alcolumbre agradeceu ao presidente Lula (PT) e ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad.>
"Quero novamente registrar o apoio pessoal e incondicional do ministro Haddad, mas, muito especial, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que entendeu a complexidade do assunto e compreendeu que o Senado estava em um bom caminho", disse Alcolumbre.>
Pacheco também agradeceu ao presidente Lula e estendeu o elogio recebido dos colegas a deputados federais, governadores e deputados estaduais de Minas. "O presidente Lula foi fundamental para que se desse tranquilidade para que todos pudessem votar", disse o senador mineiro.>
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