Publicado em 9 de dezembro de 2019 às 20:54
A Petrobras quer rever suas regras de governança para garantir maior agilidade em suas decisões, afirmou nesta segunda (9) o diretor de Governança e Conformidade da estatal, Marcelo Zenkner. Segundo ele, com o expurgo de empregados corruptos, o momento é de estimular a confiança dentro da companhia. >
Em evento sobre corrupção na sede da Petrobras, o presidente da estatal, Roberto Castello Branco, contou que decidiu enviar pedidos de desculpas a cerca de 2.000 empregados que foram investigados por corrupção mas tiveram os processos arquivados.>
Zenkner não detalhou a proposta de mudanças nas regras de governança. Ele disse que a avaliação é que o reforço no controle foi necessário após a descoberta do esquema de corrupção investigado pela Operação Lava Jato, mas as novas regras engessaram a empresa.>
"Estamos virando uma página", afirmou ele, em entrevista à imprensa durante o evento. Ele defendeu que a companhia está mais madura e que as regras mais rígidas devem dar lugar a uma "cultura de compliance [governança]", com maior confiança nos gestores. >
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"Já conseguimos identificar onde estavam as falhas, conseguimos expurgar da companhia as pessoas que, de alguma forma, se envolveram com fraudes. Então agora temos condições de tornar a companhia mais ágil, mais veloz, para que possa competir com os grandes players do mercado internacional", afirmou.>
Ele defendeu, porém, que as mudanças não representarão "relaxamento de regras". "O que vai haver agora é uma evolução, um aprimoramento no sentido de mantermos nos controles internos padrões já alcançados, mas com uma velocidade maior.">
O executivo citou algumas medidas como a avaliação de integridade dos fornecedores e a checagem do histórico de indicados a cargos na estatal, criadas ainda no governo Temer, como avanços na prevenção à corrupção.>
Disse ainda que a estatal vem abrindo procedimentos administrativos contra fornecedores que descumpram regras, como apresentar documentos falsos. Em 2019, foram 11 processo abertos, seis deles já concluídos com multas de R$ 6,5 milhões.>
Segundo Zenkner, as mudanças nas regras de governança têm o objetivo de "empoderar os gestores para que possam ter o poder de decisão sem abrir mão dos controles". O movimento vai na contramão de medidas adotadas pela gestão Pedro Parente, que visavam limitar o poder da diretoria.>
Em 2017, por exemplo, a estatal alterou os limites de competência que definem os valores que cada cargo hierárquico pode aprovar sozinho. A autonomia dos diretores foi apontada na época como um fator que facilitava a corrupção. >
"Hoje nenhum diretor toma me toma decisão isoladamente, elas precisam ser aprovadas por dois diretores em conjunto", explicou na ocasião o então diretor de Governança e Conformidade, João Elek. Zenkner disse nesta segundo que a empresa "está revisitando" a questão dos limites, mas não adiantou se haverá mudança.>
O presidente da Petrobras avaliou que, como resposta à corrupção descoberta pela Lava Jato, "a aplicação das regras de compliance passou a ser excessiva". >
Castello Branco disse que a empresa está corrigindo injustiça contra 2.000 empregados que foram investigados mas não chegaram a ser informados do arquivamento dos processos por falta de indícios de crime. "Inocentes foram perseguidos e estamos entregando quase 2.000 cartas pedindo desculpas", contou.>
Ele afirmou acreditar que a estimativa de perdas com a corrupção feita em 2014, de R$ 6 bilhões, "não corresponde à realidade". "Somente da Lava Jato já recebemos R$ 4,2 bilhões [em ressarcimento e multas de delatores e empresas]", afirmou.>
Castelli Branco classificou o Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro), como um "cemitério da corrupção" -por ter recebido investimentos bilionários e estar hoje com obras paralisadas- e chamou o edifício Pituba, construído pela empresa em Salvador, como "templo da corrupção".>
Ambos os projetos foram objeto de colaborações premiadas.>
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