Publicado em 4 de dezembro de 2019 às 16:28
A CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) considera que a máxima histórica do preço da carne bovina registrada no final de novembro é "ponto fora da curva", resultado de uma confluência de fatores que vai além da explosão de demanda da China. >
A avaliação foi feita Bruno Lucchi, superintendente técnico da CNA, durante o balanço anual feito pela entidade. >
Em 29 novembro, o preço da arroba do boi gordo atingiu a máxima histórica de R$ 231,35, o que representou alta acumulada de 35,5% no mês. Na terça-feira (03), a cotação diária teve recuo de 3,67%, chegando a R$ 219,45 a arroba, segundo o indicador Esalq/B3.>
De acordo com Lucchi, o aumento das exportações à China - que assistiu a uma drástica redução do rebanho suíno em razão da peste africana- não foi a única razão para a elevação dos preços da proteína bovina no Brasil. >
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Também contribuíram, disse o representante da entidade, uma oferta reprimida registrada em 2019 e a gradual recuperação da demanda dos consumidores nacionais nos últimos meses. >
"A questão da oferta e demanda já vai se equilibrar. O que aconteceu nesse período foram realmente vários fatores pontuais que pegaram os seus extremos, o que culminou num ponto realmente fora da curva", afirmou o superintendente. >
Apesar da avaliação de que haverá um reequilíbrio da oferta e da demanda, o presidente da entidade, João Martins, disse que os preços da carne bovina não vão voltar aos patamares praticados há 60 ou 90 dias atrás, porque os valores estavam reprimidos.>
"Estávamos no pico da baixa da entressafra, com o menor preço dos últimos anos. Já estávamos esperando, se não houvesse essa demanda muito grande lá fora e se não houvesse essa desvalorização cambial, que alguma coisa acontecesse", declarou. >
"Outra coisa: não é só a China que está comprando carne. Tem China, Vietnã, Estados Unidos [carne processada]. Há demanda do mundo inteiro. Os preços já estão se acomodando", concluiu.>
Na apresentação feita na CNA, foram apresentados números sobre a explosão da demanda chinesa. >
A peste suína africana levou a uma redução de 28% do rebanho chinês em 2019, com 120 milhões de cabeças a menos. Isso fez com que os chineses aumentassem as compras de proteínas animais de gado e de frango. >
De acordo com a confederação, de janeiro a novembro houve um aumento de 39,5% das exportações brasileiras de carne bovina à China. Também houve forte incremento do envio de porco (49%) e de frango (27,7%) para o gigante asiático. >
Segundo o superintendente da CNA, também contribui para a alta demanda chinesa a proximidade com o ano novo daquele país, em 25 de janeiro, quando é tradição que a população consuma mais proteína animal. >
Para argumentar que haverá um reequilíbrio dos preços, Lucchi disse que a China chegou a pagar US$ 5,8 mil pela tonelada de carne bovina em novembro. >
"A tendência está sinalizando que em dezembro esses valores vão ter um reajuste, porque até mesmo para eles [chineses] é um valor muito elevado para se pagar na tonelada de carne bovina", afirmou o superintendente. >
Na frente interna, a CNA citou uma oferta menor de carne bovina por parte dos produtores neste ano, além da recuperação do consumo das famílias e o aumento tradicional das compras de carne registradas para as festas de fim de ano. >
Para ampliar a oferta, a CNA avalia que os produtores já estão se preparando para melhorar as produções, com investimentos em tecnologia --ue permitem por exemplo o abate de animais mais novos - e o aumento do número de cabeças confinadas.>
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