Publicado em 20 de outubro de 2019 às 18:00
- Atualizado há 6 anos
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O governo prepara uma nova revisão para o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) neste ano.>
A visão na equipe econômica é que efeitos de ações como a liberação dos saques do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) ainda podem levar a um aumento da taxa, estimada hoje em 0,85%.>
Os novos parâmetros devem ser divulgados no começo de novembro. Aumento no crescimento do PIB ajuda a amenizar o rombo nas contas públicas por se traduzir em maior previsão de receitas, mas o impacto desta vez deve ser pequeno, já que a maior parte delas em 2019 já foi computada (a previsão maior, portanto, impulsionaria o fim do ano).>
O mercado projeta há semanas um avanço de 0,87% em 2019, segundo o levantamento do boletim Focus (do Banco Central). Internamente, a equipe econômica estima um avanço ainda maior, de 0,90%.>
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Essa taxa coincide com estimativas de fora do governo, como é o caso dos cálculos do FMI (Fundo Monetário Internacional) e da CNI (Confederação Nacional da Indústria).>
Já o Itaú Unibanco passou a considerar um crescimento superior nesta semana, de 1%.>
Na equipe econômica, são considerados como importantes para os cálculos fatores ainda não totalmente absorvidos nos cálculos do mercado.>
Estão na conta os saques do FGTS e maiores atividades no setor de óleo e gás. "Está melhorando. Provavelmente vai mexer para cima", diz Adolfo Sachsida, secretário de Política Econômica.>
Segundo técnicos do Ministério da Economia, os indicadores começam a dar sinais de avanço também em razão de perspectivas de maior equilíbrio fiscal. A secretaria considera que o ritmo de crescimento do PIB representa uma retomada ainda lenta.>
No entanto, o órgão acredita que os números detalhados indicam o começo de uma mudança estrutural na economia, puxada pelo avanço do setor privado (com retração do gasto público).>
Os sinais do novo cenário, segundo técnicos, já aparecem nos dados do segundo trimestre, quando o crescimento do PIB do setor privado cresceu 1,69% em relação ao mesmo período do ano anterior. Enquanto isso, o PIB do setor público encolheu 1,56%.>
Os dados foram calculados pela SPE (Secretaria de Política Econômica) usando números de Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).>
A análise conclui que a força-motriz do crescimento está mudando, com o setor privado em expansão mais robusta.>
Vladimir Kuhl Teles, subsecretário de Política Macroeconômica, diz que a reforma da Previdência já teria sido um fator responsável por evolução no ambiente privado. "Se não tivesse ocorrido, certamente a economia no quaro trimestre seria muito pior do que o observado hoje", afirma.>
A reforma da Previdência tramita no Senado, e a expectativa é que o texto seja votado em segundo turno na próxima semana.>
Os números apresentados mostram que o descolamento entre público e privado não é inédito --já foi observado em 2017. Mesmo assim, a atual diferença entre as taxas (de 3,25 pontos percentuais) é historicamente maior que a média de 0,66 ponto percentual observada desde 1997.>
A SPE diz que o movimento é um sinal do "crowding in", quando investimentos privados passam a substituir os investimentos públicos.>
Isso, na visão da equipe econômica, ocorre não apenas porque o setor público está sob contenção, mas também porque as condições para o desenvolvimento do setor privado estariam se tornando mais favoráveis por um conjunto de fatores que incluem taxas de juros menores e inflação baixa. (JULIO WIZIACK E FÁBIO PUPOS)>
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