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Em Moscou, Lula joga conta da crise do INSS no governo Bolsonaro

Em Moscou, Lula joga conta da crise do INSS no governo Bolsonaro

Antes de embarcar para Pequim, presidente diz que esquema de fraude começou a funcionar em 2019 e que sua gestão evitou fazer pirotecnia com investigação

Publicado em 10 de maio de 2025 às 11:00

MOSCOU - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) antecipou que seria perguntado sobre a crise do INSS em entrevista a jornalistas na manhã deste sábado (10) em Moscou, na Rússia. "Graças a Deus, a CGU e a nossa Polícia Federal, no processo de investigação, com muita inteligência, sem nenhum alarde, conseguiram desmontar uma quadrilha que estava montada desde 2019."

Logo depois, a pergunta veio. E a parte sobre 2019 ganhou força e complemento. "Vocês sabem quem governava o Brasil em 2019. Vocês sabem quem era ministro da Previdência em 2019. Vocês sabem quem era chefe da Casa Civil em 2019."

Em 2019, o presidente era Jair Bolsonaro, e Onyx Lorenzoni, o ministro encarregado pela Casa Civil. "A gente poderia ter feito um show de pirotecnia, mas a gente não quer uma manchete criminal, a gente quer apurar. As entidades que roubaram vão ter seus bens congelados... para que a gente possa pagar as pessoas."

Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva durante entrevista coletiva em Moscou, na Rússia
Lula disse que descontos indevidos teriam começado em 2019 Crédito: Ricardo Stuckert / PR

Ao jogar a conta para a administração anterior, Lula tenta tirar o foco de seu próprio governo, pressionado pelo tamanho da fraude que desviava dinheiro de aposentados do INSS e a disputa interna que o caso gerou. O atual ministro da Casa Civil, Rui Costa, fez críticas ao chefe da CGU, Vinícius de Carvalho para emplacar o discurso de que a culpa não é do governo Lula, enquanto a própria Casa Civil ignorou um processo de improbidade administrativa contra o ex-diretor de Benefícios do INSS, André Fidelis, ao avaliar a sua indicação para o cargo, em 2023. Fidelis é um dos investigados na operação.

Em Moscou, onde participou da celebração dos 80 anos do fim da Segunda Guerra e prestigiou o esforço diplomático de Vladimir Putin, a despeito do conflito na Ucrânia, Lula declarou que o caso tinha uma gravidade maior por afetar diretamente os aposentados. "Não foi dinheiro dos cofres públicos [que foi desviado], foi dinheiro do salário dos aposentados."

"Eles não foram no cofre do INSS, eles foram no bolso do povo. É isso que nos deixa mais revoltados. É por isso que nós vamos a fundo para saber quem é quem nesse jogo; e se tinha alguém do governo passado envolvido nisso."

Os descontos indevidos teriam começado em 2019 e a maioria das entidades fraudadoras foi criada e assinou convênios com o INSS na gestão Bolsonaro. Os descontos, no entanto, dispararam e atingiram patamares bilionários após 2022.

Ampliar o escopo do caso é estratégia de governistas no Congresso para evitar a criação de uma CPI. Davi Alcolumbre, presidente do Senado que acompanha Lula no périplo internacional, já sinalizou a parlamentares ser contra a instalação.

"O que eu posso dizer para vocês escreverem para o povo brasileiro é que as vítimas não serão prejudicadas. Quem vai ser prejudicado são aqueles que um dia ousaram explorar o aposentado e o pessimista brasileiro", declarou Lula, que afirmou que o ressarcimento imediato dependerá do número de afetados, mas que será realizado.

Logo após a entrevista, Lula embarcou para Pequim, onde será recebido pelo líder Xi Jinping em visita oficial de dois dias.

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