Publicado em 8 de outubro de 2020 às 18:04
O dólar engatou queda nos negócios da tarde desta quinta-feira (8), após uma manhã volátil. A perda de força da moeda americana no exterior, em meio à renovadas expectativas por um pacote de estímulo nos Estados Unidos, ajudou a retirar pressão do câmbio no mercado doméstico. A ausência de noticiário negativo doméstico também ajudou e investidores aproveitaram para realizar ganhos recentes - dos cinco pregões deste mês até ontem, o dólar só caiu em um. Contudo, profissionais das mesas de operação, comentam que persiste o desconforto com o cenário fiscal brasileiro, tanto que a moeda não se distanciou dos R$ 5,60, por onde tem orbitado nos últimos dias. >
No mercado à vista, após oscilar entre mínima de R$ 5,57 a máxima de R$ 5,64, o dólar fechou em queda de 0,65%, cotado em R$ 5,5886. Já o dólar futuro com liquidação em novembro era negociado em baixa de 0,41% às 17h.>
Embora tenha rejeitado um pacote isolado para o setor aéreo, a presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, foi a responsável hoje por enfraquecer o dólar ante emergentes e exportadores de commodities. "Estamos nas mesas de negociações, tivemos alguns progressos", disse, defendendo um pacote mais amplo.>
Para a economista da corretora Stifel, Lindsey Piegza, com as eleições se aproximando, cresce a pressão em Washington para um acordo que aprove um pacote grande de estímulos para empresas e pessoas, especialmente com a atividade perdendo fôlego. Com a Câmara parada e o Senado postergando votações até ao menos o próximo dia 19, por causa de casos de coronavírus entre os senadores, ela acha pouco provável que um acordo saia por agora, mas os mercados parecem acreditar nessa possibilidade.>
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No mercado interno, as vendas no varejo surpreenderam e ajudaram a retirar pressão do câmbio. Modelo desenvolvido pelo Bank of America mostra que a recuperação da economia brasileira está ocorrendo em V e o Produto Interno Bruto (PIB) pode ter contração menor este ano, mais perto de 4% do que dos 4,9% previstos oficialmente pelo banco americano. O BofA alerta ainda sobre os riscos fiscais. O novo programa social do governo pode estimular o PIB em 2021, mas às custas de maior piora fiscal, o que pode pressionar a inflação e levar a alta de juros.>
"O real permanece sujeito a numerosos riscos no curto e no médio prazo", comenta a analista de moedas do Commerzbank, You-Na Park-Heger. Ela prevê que a moeda vai seguir desvalorizada ao menos até meados de 2021, quando tem chance de cair abaixo de R$ 5,00. A analista ressalta que a delicada situação fiscal do Brasil não vai se resolver por agora e sempre fica no radar das mesas a possibilidade de o ministro da Economia, Paulo Guedes, sair do governo.>
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