Publicado em 23 de junho de 2021 às 16:19
Com a aprovação da capitalização da Eletrobras pelo Congresso, o governo avalia antecipar o uso de R$ 30 bilhões que virão da venda das ações da estatal ao mercado para amortizar o reajuste tarifário do próximo ano, que deverá ser muito acima do esperado devido ao acionamento de termelétricas. >
Os recursos estão previstos na MP da privatização da estatal aprovada pelo Congresso na segunda-feira (21), mas só devem entrar no caixa do Tesouro daqui a três anos. >
Por isso, o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, afirmou à reportagem que está avaliando uma operação que prevê a antecipação desses créditos para que possam ser usados no abatimento das tarifas a partir de 2022. O Tesouro destinaria o dinheiro imediatamente para a CDE (Conta de Desenvolvimento Energético) e seria ressarcido posteriormente. >
O ministro disse ainda que os R$ 30 bilhões previstos à CDE ao longo da concessão terão ainda um reforço de 75% do excedente de Itaipu ao longo dos próximos dez anos, que equivalem a R$ 12,3 bilhões. >
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"Juntos, esses recursos propiciarão uma redução na tarifa de 1,1%", afirmou. >
Segundo ele, mesmo se o governo não fizer a antecipação dos R$ 30 bilhões neste momento, o consumidor perceberá futuramente redução tarifária quando esse dinheiro for destinado à CDE. >
Movimentos similares foram feitos em governos passados. Em 2014, o Tesouro repassou recursos às distribuidoras para compensar preços elevados da energia. No ano seguinte, houve empréstimos viabilizados por um consórcio de bancos tendo a CCEE (Câmara de Comercialização de Energia Elétrica) como intermediária. >
O governo prevê que a venda de suas ações da Eletrobras ocorra em fevereiro. O valor dos papéis ainda será definido porque depende da modelagem dessa transação a ser realizada pelo BNDES nos próximos meses. >
Estima-se que o negócio vá ser de ao menos R$ 60 bilhões, sendo R$ 30 bilhões destinados à CDE, R$ 20 bilhões de outorga ao Tesouro e R$ 10 bilhões para investimentos da Eletrobras. Na avaliação do Ministério da Economia, o total pode chegar a R$ 100 bilhões. >
Vencida essa etapa, o conselho de administração da Eletrobras terá de aprovar a modelagem. Somente após esse procedimento, o negócio poderá ser efetivado. A ideia é que a companhia lance ações com direito a voto (ordinárias) no mercado, diminuindo para cerca de 45% a fatia que a União tem hoje na elétrica. >
A lei também permite que a União faça uma oferta secundária de ações, vendendo sua própria participação na empresa. >
Embora não seja um processo tão longo, o governo quer antecipar esses recursos que serão destinados ao abatimento das tarifas por meio da CDE, processo que só começaria três anos após a capitalização. Essa medida evitará um reajuste tarifário muito elevado em 2022, às vésperas da campanha pela reeleição.>
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