Publicado em 23 de dezembro de 2019 às 20:44
Os consumidores lotaram mercados e supermercados nesta segunda-feira (23) para garantir os últimos itens da ceia. Com o aumento recorde no preço, a carne para churrasco virou até presente de Natal neste ano. >
É o caso do churrasqueiro Adilson Martins, 43 anos. Ele foi ainda de manhã ao Mercado Municipal de São Paulo, na região central da capital paulista, e levou quatro bifes (grossos) de contrafilé, um quilo de fraldinha, um quilo de linguiça suína e uma peça de picanha argentina para presentear um amigo. No total, ele gastou mais de R$ 240. "Está tudo muito caro, mas sem carne a gente não fica", diz ele.>
Os dados mostram que a alta de alguns cortes de carne vermelha chegaram a 46,49% na capital paulista, em 12 meses, como é o caso do filé-mignon, segundo levantamento da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas).>
A alta no preço reflete em queda no consumo. No domingo (21), o movimento era intenso no Mercado Municipal, porém, os comerciantes relataram redução das vendas em relação ao ano passado. No açougue Boi Feliz, especializado em carne bovina, a expectativa é de faturamento 20% menor em relação a 2018.>
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O contabilista Marcos Eduardo, 59, gastou no Mercadão R$ 30,53 em um quilo e meio de lombo bovino que será consumido no Natal e disse estar preocupado com a alta no ano que vem. "Estou preocupado com o preço da carne para o meu aniversário, que é em fevereiro. Se não cair, vou ter que cancelar o churrasco", fala.>
Para driblar a inflação, o consumidor tem migrado para outras carnes, como a de porco. Se o Boi Feliz teve queda nas vendas, o açougue Porco Feliz, dos mesmos donos, tinha fila. Lá, a estimativa é vender 250 pernis e 300 leitões por dia. "Normalmente as pessoas compram porco para o Natal e boi para churrasco de Ano-Novo. Este ano, pode ser que apostem no porco para as duas datas", considera o gerente Jorge José. >
Ao observar o comportamento dos clientes, Sandra Maria Muffo, do açougue Invernada Grande, mantido desde 1933 pela família, passou a vender carne suína em outubro deste ano como estratégia. "Tivemos que diversificar para não perder cliente", diz ela, que estima uma queda nas vendas de 50% em relação ao mesmo período do ano passado. >
No Açougue Irmãos Hollup, a clientela também diminuiu cerca de 20% ante 2018, segundo Wellington Cuenca, um dos proprietários. "O preço da carne de porco aumentou muito e não caiu", diz ele, que vende pernil com osso a R$ 18 o quilo e o leitão a R$ 38.>
Os dados da Fipe mostram que o pernil com osso foi a carne que ficou mais cara em 12 meses, na capital. A alta foi de 50,39%, seguida por outros cortes, como lombo de porco com osso, que subiu 24,02%. Bacalhau (15,73%) e as aves natalinas em geral (10,82%) também encarecem a cesta do Natal, que teve aumento geral de 3,19%. >
BANCAS DE FRUTAS>
Consumidores também têm deixado de comprar as tradicionais frutas de fim de ano. Proprietário da Império das Frutas, Victor Lopes estima queda de 10% do número de clientes em relação a 2018. "Parece que o Natal está perdendo a tradição. Para 2020, não sei se vai melhorar, depende da economia.">
Rodolfo Cesar, gerente no Empório das Frutas, considera que o movimento caiu pela metade em 2019, mas é otimista. "Espero que, nesta última semana, dê uma melhorada.">
Poucos clientes caminhavam no mercado Kinjo Yamato, na região central de São Paulo, em frente ao Mercadão. Dono de uma banca de frutas, Justino Neto considera que o segundo semestre do ano foi pior. "O pessoal tem reclamado do preço dos produtos, mas não consigo baixar", diz ele, que vendia cereja a granel a R$ 60 o quilo. >
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