> >
Com 'fico' de Guedes, Bolsa fecha em alta de 2,48%

Com "fico" de Guedes, Bolsa fecha em alta de 2,48%

Com a renovação pública de votos de confiança entre Guedes e o presidente Jair Bolsonaro, o principal índice da B3 fechou nesta terça-feira em alta, aos 102.065,35

Publicado em 18 de agosto de 2020 às 18:38

Ícone - Tempo de Leitura 0min de leitura
Movimentação Bolsa de Valores, índice BOVESPA na Bolsa de Valores de São Paulo, mercado, ações, negócios
Movimentação Bolsa de Valores, índice BOVESPA na Bolsa de Valores de São Paulo. (Bruno Rocha/Agência O Globo/ Arquivo AG)

Ibovespa encontrou combustível para retomar a linha de 102 mil pontos nesta terça-feira (18), após o desconforto do dia anterior com a possibilidade de que o ministro da Economia, Paulo Guedes, estivesse a ponto de desembarcar do governo, em meio à disputa com os defensores da ampliação de gastos públicos

Após a noite do "fico", com a renovação pública de votos de confiança entre Guedes e o presidente Jair Bolsonaro, o principal índice da B3 fechou nesta terça-feira em alta de 2,48%, aos 102.065,35, mais do que compensando a correção do dia anterior (-1,73%), quando encerrou aos 99.595,41 pontos, no menor nível desde 13 de julho. Na semana, acumula ganho de 0,70%, cedendo 0,82% no mês e 11,74% no ano. O giro de hoje totalizou R$ 29,0 bilhões, com mínima a 99.597,01, na abertura, e máxima a 102.247,30 pontos, na parte final da sessão.

"So far, so good (Até aqui, tudo bem), mas será preciso monitorar esta situação, semana a semana. O Guedes tem também um papel pedagógico, de contenção fiscal, e disputas sobre gastos são naturais em qualquer governo, em qualquer lugar. O que não pode ocorrer é permitir que se caia naquela definição de insanidade: imaginar que, ao se fazer a mesma coisa, é possível obter resultado diferente", diz Marcelo Audi, sócio-gestor da Cardinal Partners, referindo-se a erros da história recente do País, em que soluções de curto prazo acabaram comprometendo a perspectiva econômica em horizonte mais amplo.

"Daqui ao fim do ano, há um grande desafio, de fazer a volta à normalidade, uma hora da verdade em que o Executivo e o Congresso precisarão mostrar ações concretas. Não há outro caminho que não seja o da normalização da situação fiscal", acrescenta. Audi observa que a disputa interna no governo, entre liberais e defensores da ampliação de gastos públicos, não é nova, esteve evidente na reunião de 22 de abril, cujo vídeo foi divulgado um mês depois. Com a adoção de medidas emergenciais em apoio à população mais vulnerável, que teve reflexos positivos sobre a popularidade do presidente, a questão agora é evitar a tentação política.

"A partir de setembro, há três caminhos possíveis: suspensão do auxílio, o que é improvável; extensão até o fim do ano, com o mesmo valor de R$ 600, o que seria temerário; ou extensão com redução do valor, o que seria preferível do ponto de vista fiscal, especialmente se feita a partir de remanejamentos, como do Fundeb, com pouco ou nenhum efeito expansionista", diz o gestor da Cardinal.

Com o Ibovespa tendo embicado ontem para baixo dos seis dígitos pela primeira vez desde 15 de julho (em 14 do mês passado, tocou mínima a 98.288,81, no intradia), o índice da B3 tem mostrado, desde a virada para agosto, um padrão mais inclinado a ajustes negativos, após quatro meses de recuperação, iniciada com ganho de 10,25% em abril e sustentada entre maio e julho com avanços mensais acima de 8%. Mesmo antes do agravamento da perspectiva fiscal, o Ibovespa vinha mantendo lateralização, pouco disposto a testar o pico recente, de 29 de julho, quando foi aos 105 703,62 pontos na máxima daquela sessão.

Para Fernando Góes, analista gráfico da Clear Corretora, o Ibovespa agora tende a "enfrentar uma seção de suporte muito forte, que começa nos 99 mil pontos e vai até os 97 mil, mais ou menos". "Se (o índice) segurar aqui, fica ainda com expectativa de tendência de alta, porém dá para ver claramente que o mercado perdeu velocidade e está mais cauteloso", acrescenta.

Este vídeo pode te interessar

Nesta terça-feira, a divulgação de balanço trimestral colocou Magazine Luiza (+9,61%) na ponta do Ibovespa, seguida por BTG (+8,34%), Gerdau PN (+8,16%) e Via Varejo (+8,15%). No lado oposto, Taesa (-0,97%), WEG (-0,40%), JBS (-0,13%) e Multiplan (-0,05%) foram as únicas ações do Ibovespa a fechar o dia em terreno negativo. Entre as blue chips, Petrobras PN subiu 1,86%, a ON, 1,50%, e Vale ON, 1,33%. As ações de siderúrgicas estiveram entre as maiores ganhadoras do dia: além de Gerdau PN, ganhos expressivos foram observados também em Usiminas (+6,78%), CSN (+6,31%) e Gerdau Metalúrgica (+7,06%). Entre os bancos, o dia também foi positivo, embora moderadamente, com Bradesco ON em alta de 1,41% e BB ON, de 1,36%.

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais