Publicado em 17 de agosto de 2020 às 17:44
A Bolsa de Valores brasileira teve forte queda na tarde desta segunda-feira (17) com o temor de investidores com a situação fiscal do país. A leitura do mercado é que o aumento de popularidade do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) pode levar a um furo no teto de gastos, contrariando o ministro Paulo Guedes (Economia), cuja saída do governo também é alvo de especulação. >
O Ibovespa recuou 1,73%, a 99.595 mil pontos, menor patamar desde 13 de julho. O dólar subiu 1,190%, a R$ 5,4960, maior valor desde 22 de maio, quando a moeda americana estava a R$ 5,57.>
O real tem a segunda maior desvalorização entre todas as moedas do mundo na sessão, atrás apenas do tugrik da Mongólia, e os juros futuros operam em alta.>
Nos Estados Unidos, o índice S&P 500 sobe 0,27% e o Nasdaq, 1%. Dow Jones recua 0,31%.>
>
De acordo com pesquisa Datafolha divulgada na noite de quinta (13), Bolsonaro (sem partido) está com a melhor avaliação desde que começou o seu mandato.>
"Ele pode se ver mais forte, tomar mais decisões por conta própria e se utilizar dos gastos. Com o aumento de popularidade, ele pode ser quem ele é de fato, o que preocupa o mercado com a questão fiscal porque dá margem para o presidente agir com menos rigor técnico", diz Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos.>
Segundo reportagem da Folha de S.Paulo, animado com o aumento da popularidade, o presidente tem cobrado de Guedes uma postura menos resistente ao aumento de gastos públicos, com foco em obras e benefícios sociais.>
Nesta segunda, a equipe do ministro teve mais uma baixa. O subsecretário de Política Macroeconômica, Vladimir Kuhl Teles, deixou o cargo.>
Após os pedidos de demissão dos secretários especiais Salim Mattar (Desestatização) e Paulo Uebel (Desburocratização), Guedes reconheceu uma debandada da sua equipe.>
A saída de Teles, contudo, não vem na esteira desse último movimento.>
Segundo a assessoria de imprensa do ministério, o pedido se deu por uma situação pessoal e a partida já estava combinada previamente para ocorrer em agosto.>
Em julho, deixaram o governo o então secretário do Tesouro, Mansueto Almeida, e o diretor de programas da Secretaria Especial de Fazenda, Caio Megale. O presidente do Banco do Brasil, Rubem Novaes, também pediu demissão.>
Antes disso, o então secretário especial de Comércio Exterior, Marcos Troyjo, havia saído do cargo para assumir, em maio, a presidência do Novo Banco de Desenvolvimento, o banco dos Brics.>
"O entendimento do mercado é que as perdas da semana passada até que foram boas. Estávamos vendo um desgaste, especialmente na saída do Mattar, o que dá um fôlego na pasta de privatização", diz Abertman.>
Por outro lado, parte do mercado teme que o movimento seja uma fragilização do ministro, que também estaria de saída do governo.>
"A saída dos secretários tem sinalizado que as políticas que foram propostas no início do governo, de controle fiscal, desburocratização, e livre mercado, talvez, não sejam a política que está sendo adotada hoje no governo e que, mesmo que estejamos passando por um período complicado, talvez não venha a se concretizar nos próximos anos também", diz Igor Cavaca, analista da Warren Investimentos.>
"O risco de desrespeitar o teto dos gastos, junto com a saída de vários integrantes da equipe do Guedes gera um cenário de desconforto no mercado, que já aventa até quando o ministro aguenta", diz Rodrigo Moliterno, sócio de Veedha Investimentos.>
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta