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Bolsa fecha em baixa de 1,15%, no menor nível desde 16 de junho

Bolsa fecha em baixa de 1,15%, no menor nível desde 16 de junho

No menor nível de fechamento desde 16 de junho (93.531,17 pontos), o índice emendou a terceira sessão negativa, hoje com giro financeiro a R$ 23,5 bilhões

Publicado em 29 de setembro de 2020 às 18:03

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Movimentação Bolsa de Valores, índice BOVESPA na Bolsa de Valores de São Paulo, mercado, ações, negócios
Movimentação Bolsa de Valores, índice BOVESPA na Bolsa de Valores de São Paulo, mercado, ações, negócios. (Bruno Rocha/Agência O Globo/ Arquivo AG)

Nestas duas primeiras sessões da semana, o Ibovespa, pressionado pelos temores de que a situação fiscal se agrave por iniciativa do governo - desta vez fora do manual -, perdeu sucessivamente as linhas de suporte de 95 mil e de 93,8 mil, após ter iniciado a semana anterior cedendo outra referência importante, abaixo dos 97 mil. Hoje, fechou em queda de 1,15%, aos 93.580,35 pontos, com mínima a 93.408,17 - menor nível intradia desde 24 de junho (93.259,07) - e máxima a 95.504,78 pontos na sessão. O dia negativo no exterior, em meio à expectativa para o primeiro debate entre Donald Trump e Joe Biden na disputa pela Casa Branca, contribuiu para que a B3 seguisse ao sabor da ventania de ontem.

Agora no menor nível de fechamento desde 16 de junho (93.531,17 pontos), o índice emendou a terceira sessão negativa, hoje com giro financeiro a R$ 23,5 bilhões, após os R$ 27,5 bilhões do dia anterior, quando o governo pareceu jogar gasolina na fogueira ao destacar um líder político, Ricardo Barros (PP-PR), para explicar diretamente ao mercado a ideia de usar recursos destinados a precatórios e ao Fundeb para financiar o futuro Renda Cidadã, programa que deve substituir o auxílio emergencial a partir de 2021. Sem sinais de que o governo voltará atrás, o mal-estar se estendeu à sessão de hoje, conforme se esperava. Na semana, o Ibovespa acumula perda de 3,52%, elevando a do mês a 5,83% e a do ano a 19,08%.

Ontem, a referência do ministro Paulo Guedes ao "timing político" - após ter afirmado recentemente que confia na intuição política do presidente Bolsonaro - e a ausência de integrantes da área econômica na aproximação ao mercado fez acender uma luz amarela: o poder de influência do fiador da política econômica teria encolhido ou, ainda pior, Guedes estaria dando anuência a sugestões da ala política mesmo que ao custo de pilares como o teto de gastos. Assim, a palavra "pedalada", que marcou o fim do governo Dilma Rousseff, em 2016, retornou ontem ao vocabulário corrente - e mesmo outro termo nada eufemístico, "calote".

"Redirecionar verba que seria para dívida não paga é decretar pela segunda vez que a dívida não será paga - e há pareceres de juristas contra isso. Redirecionar recursos do Fundeb para complementar orçamento para os mais carentes é um desvio de finalidade, que não terá apoio de prefeitos e governadores. O que tivemos então, mais uma vez, foi uma proposta ruim em um momento ruim", observa Pedro Paulo Silveira, economista-chefe da Nova Futura.

"O Ibovespa chegou até a trabalhar no positivo na abertura, com rumores de que o plano seria revisto, mas logo depois o relator da PEC do Pacto Federativo, Márcio Bittar, confirmou que a proposta não será alterada e tem o aval de Bolsonaro", diz Rafael Ribeiro, analista da Clear Corretora. "Diante do crescente risco fiscal, os juros futuros voltaram a disparar, já precificando 50% de chance de alta da Selic na próxima reunião do Copom, em 28 de outubro - o que é muito pouco provável, mas revela o nível de estresse do mercado e a preocupação com o rumo da economia. Sem falar da contabilidade criativa utilizada para financiar gastos públicos, que revive antigos fantasmas", acrescenta.

Com a aversão ao risco político, as perdas se distribuíram por empresas e setores na sessão, com algumas exceções notáveis, como WEG (+3,26%), Lojas Americanas (+2,05%) e Natura (+1,97%). Na ponta oposta do Ibovespa, Azul cedeu hoje 7,71%, seguida por Gol (-5,72%), Embraer (-4,09%) e CVC (-3,88%), com dólar à vista a R$ 5,6393 (+0,07%) no fechamento de hoje. Entre as commodities, destaque para queda de 2,82% em Petrobras ON; entre as siderúrgicas, de 2,86% para Usiminas, e entre os bancos, de 2,46% para BB ON.

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