Graduado em Economia pela Ufes, com MBA em Gestão Financeira e Controladoria pela FGV e MBA em Digital Business pela USP. Atua há 15 anos no mercado financeiro e atualmente é diretor do Banestes.

Como a guerra comercial impacta o mercado de criptomoedas

Apesar de serem digitais e descentralizados, os criptoativos não estão imunes às consequências dos conflitos comerciais

Vitória
Publicado em 03/06/2025 às 07h49
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Criptomoedas podem funcionar como reserva de valor em meio a cenário de incertezas. Crédito: Pexels

O mercado de criptomoedas ganhou destaque nos últimos anos como uma alternativa aos sistemas financeiros tradicionais. Paralelamente, disputas comerciais globais, especialmente entre Estados Unidos e China, têm moldado o cenário econômico e influenciado o comportamento desses ativos digitais. Este artigo explora como as tarifas comerciais afetam o mercado cripto e quais são os possíveis desdobramentos futuros.

Contexto da guerra comercial

A guerra comercial iniciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, envolveu a imposição de tarifas sobre produtos importados da China e da União Europeia. Essa política protecionista elevou a incerteza nos mercados globais e gerou impactos imediatos nos preços de diversos ativos, incluindo as criptomoedas.

Apesar de serem ativos digitais e descentralizados, os criptoativos não estão imunes às consequências desses conflitos. Em momentos de tensões geopolíticas, investidores tendem a migrar para ativos considerados mais seguros, como títulos do governo, o que provoca queda nos preços de ativos de maior risco, como o Bitcoin. Foi o que se observou em maio de 2025, quando o anúncio de novas tarifas gerou uma correção nos preços das principais criptomoedas.

Criptomoedas como reserva de valor

No entanto, o impacto das tarifas não se limita às oscilações de curto prazo. À medida que as incertezas aumentam, cresce também a percepção de que o Bitcoin e outras criptomoedas podem funcionar como reserva de valor, semelhante ao ouro. Esses ativos são buscados como proteção contra inflação, desvalorização cambial e instabilidades políticas.

A estrutura descentralizada das criptomoedas permite que elas funcionem fora da influência direta de governos e bancos centrais. Isso se torna um atrativo adicional em tempos de conflito comercial, quando sanções econômicas e restrições a moedas fiduciárias podem ser adotadas por diferentes países.

Adaptação dos mercados e desdolarização

A China, por exemplo, tem desenvolvido o yuan digital como uma estratégia para reduzir sua dependência do dólar americano. Esse movimento está alinhado com o avanço global das criptomoedas, especialmente em países emergentes que enfrentam volatilidade cambial. Casos como Argentina e Turquia evidenciam esse comportamento.

Mesmo diante de tarifas e incertezas, o mercado cripto demonstrou resiliência. Fundos de investimento em criptomoedas, como os ETFs, continuaram a atrair recursos significativos. Esse movimento mostra que os investidores estão mais maduros e dispostos a manter suas posições, mesmo diante de turbulências pontuais.

Impacto dos acordos comerciais

Por outro lado, acordos comerciais também têm influência positiva sobre os criptoativos. Um exemplo foi o pacto entre Estados Unidos e Reino Unido, que reduziu tarifas e gerou otimismo nos mercados, contribuindo para que o Bitcoin ultrapassasse a marca de US$ 100 mil. A redução de barreiras comerciais tende a fortalecer a economia global e beneficiar ativos inovadores.

Cenários futuros

Mais do que um reflexo das disputas comerciais, o comportamento do mercado de criptomoedas aponta para uma possível transformação estrutural na economia mundial. A ascensão dos cripto ativos abre um debate sobre soberania monetária, regulação internacional e o futuro do sistema financeiro global.

A guerra tarifária pode ter sido apenas o início de uma nova disputa, na qual a verdadeira batalha será travada no campo das moedas digitais. Entender essa dinâmica é essencial para acompanhar a evolução do mercado e os desafios que ele impõe às estruturas econômicas tradicionais.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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