A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de elevar a taxa Selic a 15% vai muito além de um número qualquer: a Selic alta é uma forma de recalibrar o custo do dinheiro, impactando desde o pãozinho diário até grandes investimentos.
Mas, afinal, como a taxa de juros tão elevada se traduz no seu dia a dia e nas suas escolhas financeiras?
A Selic é a taxa básica de juros da nossa economia. Ela serve como referência para todas as demais taxas de juros cobradas no país — empréstimos bancários, financiamentos, aplicações financeiras e até o rendimento da poupança.
Quando o Banco Central a eleva, o objetivo principal é frear a inflação, tornando o crédito mais caro e desestimulando o consumo para equilibrar a oferta e a demanda.
Impactos no custo de vida e no crédito
Para o consumidor, uma Selic a 15% significa que contrair dívidas fica muito mais caro. Empréstimos pessoais, financiamentos de veículos e, principalmente, o crédito imobiliário terão juros mais altos. Portanto, é o momento de evitar novos compromissos financeiros e se concentrar na quitação das dívidas existentes.
Consequentemente, a demanda por bens e serviços e o consumo em geral tendem a desacelerar, pois o crédito mais caro dificulta as compras a prazo e auxilia na estratégia do Banco Central para conter o aumento de preços e controlar a inflação.
Impactos nos investimentos
Para os investidores, a alta da Selic pode ser uma excelente notícia, especialmente para quem busca segurança e previsibilidade na renda fixa.
- Tesouro Direto (Selic): os títulos públicos atrelados à Selic, como o Tesouro Selic, são beneficiados diretamente. Eles pagam a taxa Selic mais um pequeno ágio, tornando-se uma das opções mais seguras e com alta liquidez para o pequeno e grande investidor.
- CDBs (Certificados de Depósito Bancário): os CDBs, especialmente aqueles pós-fixados (que acompanham a Selic ou o CDI, que anda junto com a Selic), se tornam bastante atrativos.
- LCIs e LCAs (Letras de Crédito Imobiliário e do Agronegócio): essas aplicações de renda fixa são isentas de Imposto de Renda para pessoas físicas. Com a Selic alta, suas taxas também sobem, tornando-as uma alternativa muito interessante para diversificar a carteira de baixo risco.
- Poupança: Embora a poupança tenha a vantagem da isenção de IR, seu rendimento é atrelado à Selic (70% da Selic mais TR quando a Selic está acima de 8,5% ao ano). Com a Selic a 15%, ela rende 0,5% ao mês + TR, o que é melhor do que em outros períodos, mas ainda fica atrás de outras opções de renda fixa que oferecem maior rentabilidade com segurança similar.
- Renda variável: O mercado de ações, um dos tipos de renda variável, tende a sofrer quando a Selic está alta, pois muitos investidores optam por migrar suas aplicações para renda fica, que são aplicações de menor risco, reduzindo a demanda por ações. Para quem investe em ações, esse cenário exige mais cautela e uma análise aprofundada.
Com a Selic nesse patamar, o cenário financeiro exige atenção e inteligência. É um momento de cautela com o crédito e de otimismo com a renda fixa. Para os investimentos, diversificação e alinhamento com seu perfil de risco são fundamentais.
Acompanhe as movimentações do mercado e, se necessário, procure um bom profissional para planejar seus passos financeiros e garantir que seu dinheiro trabalhe a favor do seu bolso.
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