Publicado em 20 de junho de 2025 às 19:19
O dólar subiu 0,48% nesta sexta-feira (20) e encerrou a semana cotado a R$ 5,526, em sessão de liquidez reduzida por conta do feriado emendado de Corpus Christi no Brasil.>
Já a Bolsa teve forte queda de 1,15%, a 137.115 pontos.>
O dia foi embalado pela decisão do BC (Banco Central) de quarta-feira, quando o Copom (Comitê de Política Monetária) elevou a taxa Selic para 15% ao ano, e pela escalada de tensões no Oriente Médio.>
O BC avançou no ciclo de alta de juros com uma elevação em ritmo menor, de 0,25 ponto percentual, na quarta-feira. O atual patamar de 15% é o maior desde julho de 2006, quando a Selic estava fixada em 15,25% ao ano.>
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Com o movimento de quarta-feira, o Brasil subiu da terceira para a segunda posição no ranking mundial de juros reais (que desconta a inflação do valor nominal da taxa), a 9,53% ao ano. A taxa brasileira só está abaixo da turca, onde os juros reais estão em 14,44% ao ano.>
O ranking foi elaborado pelo Portal MoneYou e pela Lev Intelligence, que estimou uma taxa média de 1,67% ao ano em 40 países.>
A decisão foi unânime. No comunicado, o Copom antecipou que prevê a interrupção do ciclo de alta da Selic no próximo encontro, em julho, para examinar os impactos acumulados do ajuste já realizado.>
O ciclo teve início em setembro do ano passado, ainda na gestão de Roberto Campos Neto, e até agora foram realizados sete aumentos consecutivos em nove meses. A taxa básica partiu de 10,50% ao ano e acumulou elevação de 4,5 pontos percentuais nesse processo.>
Ao justificar o novo aumento, o colegiado do BC disse que as expectativas de inflação seguem distantes da meta, a atividade econômica continua mostrando força e o mercado de trabalho segue como uma pressão sobre os preços.>
Para economistas e especialistas que acompanham a política monetária brasileira, os juros devem ser mantidos nesse patamar até o início de 2026.>
"Até dezembro deste ano [a Selic] vai ficar em 15% e, na primeira reunião do ano que vem, vai começar uma queda", diz Alex Agostini, economista-chefe da Austin Ratings.>
Segundo ele, nas próximas reuniões do Copom, mesmo com manutenção da taxa no mesmo patamar, as atas devem sinalizar que em algum momento um ciclo de queda de taxas vai começar.>
A decisão surpreendeu parte do mercado. Até então, as expectativas sobre qual seria o movimento do comitê estavam divididas: enquanto uma parcela dos economistas apostava na manutenção da Selic no nível de 14,75% ao ano, outra ala projetava o aumento adicional de 0,25 ponto.>
Uma Selic ainda mais alta oferece um diferencial de juros vantajoso para o Brasil, ainda mais em um contexto em que outros bancos centrais pelo mundo, sobretudo os de economias avançadas, têm cortado ou mantido suas taxas. Como consequência, o real se torna mais atrativo para investidores.>
Para a Bolsa, a coisa muda de figura. O aumento na Selic torna a renda fixa ainda mais atrativa, o que desvia recursos da renda variável.>
A mudança na taxa de juros pautou a sessão pela manhã, com o dólar recuando à mínima de R$ 5,476. Mas o exterior embalou os negócios já no início da tarde e instaurou aversão ao risco sobre os ativos brasileiros.>
"A queda do dólar no início do dia refletiu a alta da Selic, mas a percepção de risco por conta da guerra do Oriente Médio e da guerra comercial dos Estados Unidos fez o dólar subir", diz Cristiane Quartaroli, economista-chefe do Ouribank.>
Israel e Irã estão trocando ataques desde sexta-feira passada. O objetivo declarado dos israelenses, que começaram o conflito, é impedir que o país persa desenvolva armas nucleares. Os iranianos retaliaram as ofensivas com mísseis e drones, no que se tornou mais um conflito que tem tornado o Oriente Médio um ponto crítico.>
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