Acompanhe os bastidores da folia, conheça os personagens que fazem a magia acontecer e descubra curiosidades da festa que enche a ilha de cor e som com Any Cometti, comentarista do Carnaval de Vitória

Império de Fátima vai ter "Bloco de Sujos"

Nessa ala, o folião fica responsável por aprontar a sua própria fantasia e ir desfilar; a ideia é que todos os componentes estejam diferentes um do outro

Vitória
Publicado em 03/02/2025 às 12h30
Desfile da Império de Fátima em 2023
Desfile da Império de Fátima em 2023. Crédito: Ricardo Medeiros

A Império de Fátima, escola do Grupo A, segunda a desfilar na sexta-feira do carnaval capixaba, vai ter um "bloco de sujos". O folião vai poder levar a sua própria fantasia e desfilar nesta ala, desde que a fantasia esteja dentro do contexto de personagens estipulados para o desfile.

O Bloco de Sujos é uma ala da escola de samba em que cada componente tem uma fantasia única, e todas elas são diferentes entre si. Antigamente, havia a ideia de que os foliões saíssem, literalmente, sujos, o que não se sustenta mais. Hoje, a ideia é que não haja uniformidade visual como nas outras alas, em que as fantasias são todas iguais. É realmente apresentar fantasias diversas em uma única ala.

Cada folião fica responsável por levar a sua própria fantasia — que pode ser inédita ou pode ser alguma que ele já tenha em casa, não tem problema se ela já foi usada em outros carnavais. Até porque, são fantasias que podem ser usadas em blocos de rua, conforme o critério definido pelo carnavalesco Márcio Puluker. Ele preparou uma lista de opções em que os foliões podem se servir à vontade. São 22 caracterizações sugeridas pelo carnavalesco. Entre elas: marinheiro, odalisca, havaiana, onça, Carmem Miranda, anjo e diabinho.

Márcio Puluker

Carnavalesco do Império de Fátima

"No bloco de sujos, vamos relembrar os carnavais antigos. Vamos abrir com um cordão de porta-estandartes, fazendo uma grande homenagem às escolas capixabas. Dentro desse cordão, teremos diversas fantasias mescladas: piratas, marinheiros, anjos, diabinhos, melindrosas... É uma forma de convidar os foliões a participar do blocão da Império de Fátima e cair na folia"

O enredo da Império de Fátima para este ano é “Arte popular na Corte Imperial". O enredo homenageia artistas e artesãos populares, festas brasileiras, arte circense e relembra os antigos carnavais. A ala do "bloco de sujos" vem no último setor, encerrando o desfile da escola. Para participar, basta entrar em contato pelo WhatsApp (27) 99743-6161.

Rei Momo capixaba no maior palco do mundo

O ex-Rei Momo Jefferson Teófilo vai estrear como passista na Sapucaí
O ex-Rei Momo Jefferson Teófilo vai estrear como passista na Sapucaí. Crédito: Acervo pessoal

Nosso querido Rei Momo de 2017 Jefferson Teófilo vai estrear como passista na Sapucaí! Será pela Unidos de Padre Miguel (UPM), escola que abre os desfiles deste ano na Marquês. Hoje, Jef, como é conhecido, é diretor de passistas da MUG.

Em agosto do ano passado, ele participou de um concurso na quadra da UPM. Foi uma disputa acirrada: eram 26 malandros concorrendo a 6 vagas como passistas da agremiação. E o nosso sambista capixaba foi honradamente eleito, conquistando a oportunidade de realizar o sonho de apresentar seu riscado no maior palco do mundo!

A coluna manifesta a alegria em mais uma representação capixaba no maior carnaval do planeta e deseja um excelente desfile ao nosso Rei Momo!

Abrindo portas pras novas gerações

O mestre-sala Marcelinho Ramos está puro orgulho de seus pupilos Erick De Jesus e Safira Adriano. Os pequenos compõem o casal de mestre-sala e porta-bandeira mirim do Pega no Samba e Marcelinho será mestre de cerimônias deles, o responsável por apresentá-los ao público e aos jurados.

Marcelinho, que foi segundo mestre-sala da MUG e da Jucutuquara, hoje dança na Independente de Eucalipto, do Grupo de Acesso A. Está afastado do Grupo Especial, que exige mais compromisso e dedicação, pois dedica tempo a cuidar da mãe. Porém, nunca se afasta do carnaval e da paixão pelo bailado.

Marcelinho Ramos, ladeado por Erik e Safira, primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira mirim do Pega no Samba
Marcelinho Ramos, ladeado por Erik e Safira, primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira mirim do Pega no Samba. Crédito: Acervo pessoal

Marcelinho Ramos

Mestre-sala e mestre de cerimônias do casal mirim do Pega no Samba

"É muito gratificante, tenho o maior prazer e alegria de apresentar duas crianças muito talentosas. Erick e Safira começaram no projeto Coletivo do Samba, do qual eu também participo. Tenho uma satisfação a mais de ser Mestre de Cerimônia deles. É a nossa cultura sendo renovada."

Precisamos valorizar nossos casais

Já que estamos falando do quesito mestre-sala e porta-bandeira, a coluna faz um pedido para que os gestores de escolas de samba valorizem o que é nosso. Temos visto muitas escolas que, na vontade de "garantir" o quesito, acabam contratando casais do Rio de Janeiro ou de outras praças para desfilar no nosso carnaval.

São casais que, muitas vezes, sequer desfilaram — ou sequer andaram! — no Sambão do Povo. Nossa avenida de desfiles não é como qualquer outra. Não é como a Sapucaí, em que dificilmente venta na avenida. O vento que sopra no Sambão do Povo, vindo da maré, faz muita porta-bandeira experiente passar sufoco pra não enrolar o pavilhão no mastro.

Quem esteve nos ensaios técnicos dos últimos dias, viu. Amanda Ribeiro, da Chegou o que Faltava, foi uma que dançou forte e lutou contra o vento para não enrolar a bandeira. Gessya Santana, da Novo Império, molhou a bandeira com água - um recurso para deixá-la mais "pesada" e mais resistente ao tempo.

São dificuldades que os nossos casais passam para fazer uma boa apresentação, e que os casais de fora não têm noção de que existam. O resumo da ópera é que um casal de fora, bem quisto e muitas vezes bem pago — porque, aos de fora, pagam mais do que aos daqui —, pode não dar conta do recado. Como já aconteceu, com renomado casal carioca que tirou um 9,8 ao passar pelo Sambão do Povo (mas a coluna não vai entrar nesta polêmica!). 

Temos portas-bandeiras e mestres-salas excelentes em formação nos Grupos de Acesso, e até como segundos e terceiros no especial, esperando apenas por uma oportunidade. Agremiações, deem oportunidades antes de reclamar que esses profissionais não existem. É bem melhor ter alguém de perto que, de fato, defenda a sua bandeira, do que alguém que venha apenas duas vezes por ano para embolsar o seu dinheiro e, talvez, nunca mais defender a sua escola.

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