Aqui você encontra conteúdos exclusivos sobre segurança, justiça e cidadania, com informações que impactam a vida das pessoas e da cidade

Uma em cada cinco medidas protetivas não é cumprida no ES

O descumprimento deste tipo de ordem judicial é considerado crime na Lei Maria da Penha, com pena prevista de 2 a 5 anos de prisão

Vitória
Publicado em 15/05/2025 às 03h30
Medida protetiva
Crédito: Arte - Camilly Napoleão com Adobe Firefly

Até o último dia 30 de abril, mais de 20% das medidas protetivas concedidas neste ano foram descumpridas. O que significa que não está sendo respeitada uma em cada cinco ordens judiciais que visam a impedir a prática da violência doméstica contra as mulheres, e até as situações mais graves, como o feminicídio.

Foram concedidas, nos primeiros meses deste ano, 4.232 medidas protetivas pela Justiça estadual, segundo dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Período em que ocorreram 961 casos de descumprimento, segundo o Painel de Monitoramento da Violência Contra a Mulher, da Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp).

Os dados revelam ainda que desde 2022 vem sendo observado no Espírito Santo um aumento deste tipo de atitude, que é considerada crime na Lei Maria da Penha, com pena prevista de 2 a 5 anos de prisão. Confira os casos registrados nos últimos quatro anos:

  • 2022 - 1.637
  • 2023 - 1.939
  • 2024 - 2.306
  • 2025 - 961

Ocorreram no período 48 casos de feminicídio. Um deles foi o da gerente comercial Laís Leoterio das Neves Silva, 25 anos, morta a tiros pelo ex-marido enquanto voltava para casa, após o trabalho, em Guarapari. Depois do crime, Gleyson dos Santos Rosa, de 25 anos, tirou a própria vida.

Ela tinha medida protetiva desde julho do ano passado, e segundo os familiares as ameaças não cessaram.

Cidades

Em um total de 63 cidades houve o registro do desrespeito a este tipo de ordem judicial, sendo em volume maior na Grande Vitória e em duas cidades no interior. Confira:

Subnotificação e demora

Mas o volume de descumprimento das medidas protetivas é ainda maior, em decorrência da subnotificação, observa Renata Bravo, advogada e mestre em Direitos e Garantias Fundamentais.

“A mulher tomou coragem de procurar ajuda porque a situação é gravosa e precisa proteger a si e aos filhos. É essencial que além de ser deferida pela Justiça, haja acompanhamento, com visitas tranquilizadoras”.

Observa ainda que nos casos de descumprimento, deve haver a prisão, como previsto em lei. “Para evitar que pratique a violência física ou que chegue ao feminicídio”, assinala.

Negadas

Segundo os dados do CNJ, nos quatro primeiros meses deste ano foi negada a concessão de 240 medidas protetivas e revogadas outras 1.497.

À coluna foram relatadas dificuldades para se obter ou mesmo prorrogar o tempo destas ordens judiciais, que enfrentam demora na evolução dos processos. Há casos de recursos contra a negativa de uma medida provisória cuja tramitação demorou mais de dois anos.

Tempo que faz com que os envolvidos ou não sejam localizados, no caso do agressor, ou que perca o valor para a vítima.

A Gazeta integra o

Saiba mais

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.

A Gazeta deseja enviar alertas sobre as principais notícias do Espirito Santo.