
A madrugada de 25 de junho de 2023 foi marcada por uma intensa troca de tiros na região de Gurigica, em Vitória, o que levou pânico a funcionários e pacientes em um hospital. Um deles, internado há dois anos, morreu após uma bala atravessar a parede e atingi-lo no leito. Pelo crime, três pessoas foram encaminhadas para o júri popular.
Eles também vão responder pela tentativa de assassinato contra cinco policiais militares que atenderam a ocorrência, segundo sentença da 1ª Vara Criminal de Vitória desta terça-feira (1º), responsável pelo Tribunal do Júri da Capital.
Também foi mantida a prisão dos três réus. São eles:
- Guilherme de Oliveira Florentino, conhecido como Gui Capeta - está no Centro de Detenção Provisória de Viana 2 (CDPV2)
- Weverton Souza Mendes, o Gordelas - recolhido à Penitenciária Estadual de Vila Velha III
- Julio Cesar Bispo Pires - Penitenciária Estadual de Vila Velha V
Entre os pontos que foram considerados na sentença estavam as comparações balísticas feitas pela Polícia Científica dos projéteis e estojos encontrados nos pontos de tiro com as armas que foram apreendidas com eles, no momento de suas prisões. “Apontam os indícios mínimos de autoria atribuída aos acusados”, é dito no texto judicial.
Outras quatro pessoas que haviam sido denunciadas pelo Ministério Público do Espírito Santo (MPES) não foram pronunciadas, ou seja, não foram encaminhadas ao júri popular, por não haver indícios de que tenham cometido crimes contra a vida, como é o caso de homicídios e as tentativas. São eles:
- Paulo Henrique Pereira da Silva, o Chacrinha
- Caio da Silva Estevão Batista
- Hykelmy Ribeiro de Souza
- Marcelo Henrique Guimarães Regis dos Santos
Na sentença é informado que os documentos referentes a eles vão ser encaminhados para uma outra vara criminal, que se encarregará de avaliar os crimes de que foram acusados, como associação para o tráfico de drogas, corrupção de menores, entre outros.
As defesas
O advogado Hébener Brandão, que faz a defesa de Caio da Silva Estevão Batista, informa que a Justiça reconheceu que não havia indícios para que o seu cliente fosse a júri. “De forma clara e fundamentada, reconheceu a ausência de elementos mínimos que pudessem levar meu cliente a julgamento pelo Tribunal do Júri, razão pela qual foi proferida a impronúncia em relação aos crimes de homicídio consumado e tentado”.
Acrescenta que apesar do processo seguir para apuração de outros eventuais delitos, a defesa segue confiante. “Ao longo do trâmite processual restará igualmente demonstrada sua inocência quanto a tais acusações, afastando qualquer responsabilidade penal”.
Hykelmy é representado pelo advogado Winter Winkler. Ele destaca que a sentença acolhe a tese defensiva. “Hykelmy é inocente da acusação feita pelo Ministério Público, e com relação à imputação dos demais crimes remetidos à competência da vara residual, será de igual forma provada a inocência dele”.
A coluna não conseguiu contato com os demais advogados, mas o espaço segue aberto a suas manifestações.
Tiros e crimes
Segundo denúncia do Ministério Público, os sete denunciados, entre eles os três que vão a júri, além de outros dois menores, integram facção criminosa na região do Bairro Gurigica, e que a liderança na ocasião era exercida por Gui Capeta.
É relatado que após a morte de um jovem, encontrado na rua com sinais de agressão, as pessoas denunciadas foram para a Avenida Leitão da Silva, com armas e tentaram fechar a via, nas proximidades do hospital. Carros foram incendiados.
Com a chegada de policiais militares, o grupo retornou para o bairro, ficando, segundo a denúncia, na parte mediana do morro, atrás do hospital, de onde realizaram disparos contra os militares. Um dos tiros ultrapassou a parede do quarto de Daniel Ribeiro Campos da Silva, internado no local há dois anos, e o matou.
Nas semanas que se seguiram os acusados foram presos ao longo das investigações realizadas pela Polícia Civil.
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