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O desfecho na Justiça para o assassinato de irmãos inocentes em Vitória

Ao todo foram condenadas pela Justiça estadual 7 pessoas pela execução dos irmãos Ruan e Damião Reis; as penas somam 380  anos após 3 júris

Vitória
Publicado em 29/07/2025 às 20h37
Julgamento
Crédito: Arte - Camilly Napoleão com Adobe Firefly

Sete anos após o crime, a Justiça do Espírito Santo finalizou na tarde desta terça-feira (29) o júri popular dos últimos acusados pela morte de dois irmãos inocentes que foram assassinados na Piedade, em Vitória. Das quatro pessoas que sentaram no banco dos réus, uma foi absolvida e outras três receberam penas de 50 anos, cada uma.

Para finalizar o caso foram necessários três julgamentos. As condenações das sete pessoas somam 380 anos.

Os irmãos Ruan e Damião Reis foram executados em 25 de março de 2018 porque não souberam informar onde estava o “chefe” do tráfico da região. As investigações mostraram que os jovens não tinham envolvimento com o tráfico. As mortes desencadearam uma série de conflitos, ataques, mortes e até a expulsão de moradores do bairro.

No júri desta terça-feira (29) o Ministério Público do Espírito Santo (MPES) pediu a absolvição de um réu por insuficiência de provas contra ele. Confira abaixo quem foram os condenados:

  • Geovani Andrade Bento, o Vaninho -  50 anos
  • Tiago da Silva, o Tiago Floresta - 50 anos
  • Leandro Correia Ramos Barcelos - 50 anos
  • Renato Correia Ramos -  absolvido das acusações a pedido do MP

Em dois julgamentos anteriores, realizados em julho de 2023 e em agosto de 2024, outras quatro pessoas foram condenadas. São elas:

  • Allan Rosário de Oliveira - 60 anos
  • Rafael Batista Lemos - 60 anos
  • Gean Gaia de Oliveira -  60 anos
  • Flávio Sampaio - 50 anos

Por nota, o  MP informa que está satisfeito com o resultado do julgamento. "A justiça foi entregue. Esperamos que a família receba essa decisão como forma de conforto pelas perdas irreparáveis de dois jovens inocentes".

O que dizem as defesas

A advogada Paloma Maroto Gasiglia, que realizou a defesa de Renato, informou que sempre confiou na Justiça e no trabalho executado pelos jurados de Vitória.

“Sempre confiamos em um resultado justo e hoje chegamos ao final do processo alcançando o objetivo, que era provar que o meu cliente, o Renato, não teve nenhuma relação com os fatos desta terrível fase que assolou a Piedade e seus moradores”.

Por nota, o advogado Douglas Luz, que faz a defesa de Geovani Andrade Bento, informou que recebeu com respeito a decisão do Conselho de Sentença. “Porém, por não coadunar com os termos ali estabelecidos, entraremos com recurso para impugnar a decisão”.

Ele destaca a fragilidade das provas que foram utilizadas para a condenação de seu cliente. “É latente, o que pode ser confirmado pela não unanimidade dos votos dos jurados. Sendo assim, nos manteremos firmes neste liame até a apreciação do respectivo recurso”.

O advogado Marcos Daniel, que faz a defesa de Leandro, informou que já recorreu contra a decisão. “As pessoas ouvidas no processo ouviram dizer que ele participou do crime. E testemunha por ouvir dizer não é suficiente para pronunciar — encaminhar uma pessoa para o júri —, e tampouco para condenar”.

A defesa de Tiago não foi localizada, mas o espaço segue aberto a sua manifestação.

Prisões

Todos os condenados já estão presos. Geovani Andrade Bento está no presídio federal de Porto Velho, em Rondônia. Foi transferido para uma unidade no Norte do país em 2021, no contexto da Operação Armistício, realizada com o objetivo de desarticular a facção criminosa Primeiro Comando de Vitória (PCV), da qual ele é apontado como uma de suas lideranças. Participou do júri por videoconferência.

Tiago da Silva, o Tiago Floresta, e Rafael Batista Lemos estão detidos na Penitenciária de Segurança Máxima I, em Viana. Na mesma cidade, mas detido na Penitenciária de Segurança Máxima II, está Allan Rosário de Oliveira.

Gean Gaia de Oliveira e Flávio Sampaio cumprem suas penas na Penitenciária Estadual de Vila Velha 1. Enquanto Leandro Correia Ramos Barcelos segue no Centro de Detenção Provisória de Viana 2. Renato Correia Ramos, absolvido das acusações, não está preso.

Outros crimes

Após a execução dos irmãos, outros assassinatos ocorreram no bairro no período conhecido como “noites sangrentas” da Piedade, causadas pela guerra do tráfico e suas disputas de território.

Conflitos que resultaram na morte de dez pessoas e em ferimentos graves para outras cinco. O Ministério Público do Espírito Santo (MPES) denunciou um grupo de 15 pessoas, em diversos processos, como autor das ações criminosas realizadas entre os anos de 2018 a 2020.

Os sete condenados pela morte dos irmãos também participaram dos outros crimes e, em alguns casos, também foram condenados. Mas ainda há dois julgamentos a serem feitos. Um deles, cujo réu é Geovani Andrade Bento, estava previsto para esta quarta-feira (30) e foi adiado para o mês de outubro.

O outro júri acontecerá no final de agosto e envolve cinco réus. Também entre eles está o Vaninho.

No conjunto dos casos houve absolvições e dois casos em que o juiz não encaminhou os acusados para o Tribunal do Júri.

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