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Mulher denunciada por induzir suicídio enfrenta júri popular no ES

Julgamento foi marcado para a próxima quinta-feira (27), em Guarapari; caso ocorreu no condomínio Aldeia da Praia, em julho de 2013

Vitória
Publicado em 21/11/2025 às 03h30
Julgamento
Crédito: Arte -  Geraldo Neto

Um caso raro será avaliado pela equipe do Tribunal do Júri de Guarapari no próximo dia 27. Vai sentar no banco dos réus uma mulher de 34 anos que foi denunciada por induzir a um suicídio que ocorreu em uma residência no condomínio Aldeia da Praia, em julho de 2013.

Juliete Ferreira Simões, de 34 anos, foi denunciada em 2014 pelo Ministério Público do Espírito Santo (MPES). O argumento foi o de que mesmo estando ciente do “profundo estado depressivo”, teria instigado Rosana Zazari Alves a pôr fim à sua vida.

A sessão está prevista para às 9 horas e será a oportunidade, assinala o advogado Fábio Marçal, de provar a inocência de sua cliente. “Nós esperamos que ela seja absolvida, tendo em vista não ter praticado qualquer ato que pudesse caracterizar instigação ao suicidio”.

Relata que respeita a dor e a perda dos filhos de Rosana, mas observa que sua cliente também é vítima. “O crime aconteceu há 12 anos e a Juliete vem cumprindo uma pena que nunca mereceu”, acrescenta.

Pesquisa realizada por Marçal só encontrou três outras ações semelhantes no país, dos anos de 1968, 1981 e 1995. “Um não chegou a julgamento, outro teve a denúncia desclassificada e só um chegou a julgamento”, conta.

A família de Rosana, por sua vez, garante que houve instigação ao suicídio. É o que afirmam ao longo do processo. Eles são representados por um assistente de acusação, o advogado Nicácio Pedro Tiradentes.

“Não há dúvidas de que houve instigação ao suicídio. Vamos fazer o possível para que a justiça seja feita”, assinalou.

Quem era a vítima

Rosana era ex-esposa de José Carlos Cruz Alves. No processo ele relata que há anos tentava se separar dela, com quem teve três filhos. Informou que não saiu de casa antes porque a ex ameaçava se matar. Foi neste contexto que ele conheceu Juliete, com quem manteve um relacionamento paralelo até sair de casa e formar uma nova família. 

No processo é declarado que Rosana sofria há anos com depressão e que já tinha atentado contra sua própria vida em outras três ocasiões. Uma condição que foi seriamente afetada por fatores econômicos e judiciais em que sua família foi envolvida.

Rosana e José Carlos eram sócios-proprietários da TA Oil Distribuidora de Petróleo. Durante o governo José Ignácio Ferreira, a empresa esteve no centro de um escândalo envolvendo a acusação de recebimento de propina por parte do Executivo estadual. Houve denúncias contra o então governador e a primeira-dama Maria Helena Ferreira - autora do projeto da fábrica de sopas - e que foram acusados de cobrar propina para a concessão de regime especial de ICMS.

Em CPI instaurada na Assembleia Legislativa para apurar as denúncias, o casal da TA Oil afirmou que chegou a pagar para conseguir o benefício fiscal. Essa denúncia foi um dos principais pilares da crise que levou ao desmoronamento da credibilidade do governo José Ignácio Ferreira. Com o decorrer das investigações, ao longo de quase uma década, os bens do casal acabaram sendo bloqueados, o que acentuou a crise familiar.

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