Um advogado preso na primeira quinzena deste mês se tornou réu em um caso de triplo assassinato na Serra, que inclui ainda outras cinco tentativas de homicídio, sendo duas delas contra policiais.
Cleiton Ronai Fernandes Lino é acusado de intermediar mensagens de liderança criminosa detida na Penitenciária de Segurança Máxima, em Viana, para o líder operacional do grupo em liberdade.
Entre as mensagens interceptadas posteriormente pela polícia estava a autorização para o ataque em frente a uma distribuidora de bebidas, no bairro Novo Horizonte, em julho deste ano.
Além do advogado, outras oito pessoas foram alvos do Ministério Público do Espírito Santo (MPES) em denúncia aceita pela Justiça estadual. São acusados de serem integrantes da facção criminosa que atuavam de forma coordenada para garantir o domínio territorial, a exploração do tráfico, a eliminação de rivais e a continuidade das atividades criminosas.
O relato é de que a comunicação clandestina promovida pelo advogado era feita sem interrupção, garantindo que o comando do tráfico do Morro do Garrafa, em Vitória, permanecesse ativo mesmo com seu líder encarcerado.
“O advogado contribuiu de forma direta e consciente para o funcionamento da facção, facilitando a comunicação clandestina, fortalecendo a hierarquia interna e possibilitando a prática dos crimes posteriormente executados”, é dito na denúncia.
As mensagens para a gestão do grupo traziam orientações e autorizações para ações violentas, entre elas:
- Execução de desafetos
- Decisões sobre o tráfico de drogas
- Diretivas sobre armamentos
- Instruções financeiras e auditorias
- Determinações relativas ao controle territorial
No dia em que ele foi preso, foram apreendidos em sua casa, além de vários “recados”, celulares e R$ 14 mil em dinheiro. Sua atuação como advogado também foi suspensa pela Justiça.
O advogado que faz a defesa de Cleiton foi procurado, mas informou que só se manifestaria após conversar com seu cliente.
As mortes na Serra
Uma disputa territorial por pontos de venda de drogas motivou o ataque em Novo Horizonte, no dia 11 de julho, em frente a uma distribuidora de bebidas, resultando na morte de três pessoas. Outras três pessoas ficaram feridas. Dois policiais tentaram impedir a ação e revidaram aos tiros disparados pelo grupo criminoso.
Em lados opostos estavam integrantes da facção Primeiro Comando de Vitória (PCV), cuja liderança no bairro havia tomado uma boca de fumo do Terceiro Comando Puro (TCP), em cujas mãos estava a gestão do Morro da Garrafa.
As investigações revelaram que a ordem para matar o líder dos rivais na Serra partiu do presídio e deveria ser executada pelos integrantes do TCP. “Vamos focar em pegar (matar) ele e depois ativar, então temos que foca em pegar (matar) ele”, foi dito em uma das mensagens interceptadas.
Na decisão do Juízo da 3ª Vara Criminal da Serra que aceitou a denúncia contra os criminosos é relatado que a execução foi precedida por um planejamento detalhado. Houve escolha do local considerado ideal e os atiradores foram transportados em dois veículos, saindo de Vitória em comboio para o local do crime.
Uma logística que envolvia ainda o transporte das armas, incluindo as de uso restrito, com ação monitorada pela liderança operacional do grupo criminoso. Todos tiveram prisão preventiva decretada.
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