Vagner Benezath é relações públicas. Vidrado em café e na cultura que envolve sua cadeia produtiva, trabalha há mais de 10 anos com a bebida, atuando como barista, consultor e torrefador

Mulheres unidas pelo café: projetos capixabas que fazem a diferença

No Mês da Mulher, apresento dois belos projetos de cafeicultoras do ES: o Póde Mulheres e a Associação de Mulheres Empreendedoras da Agricultura Familiar de Vila Pontões

Publicado em 04/03/2020 às 13h18
Atualizado em 27/03/2020 às 17h25
Cafeicultoras capixabas que integram o projeto Póde Mulheres, no Sul do Estado. Crédito: Yuri Barichivich/Divulgação
Cafeicultoras capixabas que integram o projeto Póde Mulheres, no Sul do Estado. Crédito: Yuri Barichivich/Divulgação

A cadeia produtiva de todo café que você bebe envolve participação feminina. Existem vários projetos de cafeicultura pelo mundo – inclusive aqui, no Espírito Santo – em que as mulheres são protagonistas, trabalhando com cafés de qualidade das duas espécies predominantes: conilon e arábica. Neste mês em que celebramos o Dia Internacional da Mulher, vou apresentar aqui dois belos trabalhos em solo capixaba: o das cafeicultoras ligadas à cooperativa Cafesul, em Muqui, e o da Associação de Mulheres Empreendedoras da Agricultura Familiar de Vila Pontões (AMEP), em Afonso Cláudio.

Pelas lavouras, assim como na cidade, as mulheres assumem uma jornada exaustiva, cuidando de suas casas e organizando suas questões familiares, além de também realizarem trabalhos braçais no campo, durante e após a colheita do café. Elas sempre fizeram parte da cafeicultura, que historicamente é liderada por figuras masculinas, mas hoje em dia ganham mais destaque, levando seu cuidado todo especial aos detalhes – e ele faz toda a diferença no resultado final da xícara.

Daiana Pinto, do projeto Póde Mulheres, venceu um concurso de qualidade em 2018. Crédito: Yuri Barichivich/Divulgação
Daiana Pinto, do projeto Póde Mulheres, venceu um concurso de qualidade em 2018. Crédito: Yuri Barichivich/Divulgação

Em Muqui, no Sul do Estado, um grupo de mulheres ligadas à cooperativa Cafesul tem trabalhado com produtoras nos municípios do entorno do município, assumindo as mesas de negociações da venda do café e também alterando formas de manejo, tornando-se, assim, parte primordial de suas produções.

As cafeicultoras reuniam-se desde 2012, organizando cursos de artesanato, de culinária e de áreas afins, quando em 2016, com o nome Póde Mulheres, passaram a comercializar os cafés colhidos e torrados pelo grupo. O produto é vendido em pacotes de 250g cada um, em grãos, moído e também em um formato chamado drip coffee, em que o café está envolto em filtro próprio, precisando apenas de água quente e do recipiente para ser consumido. À venda pelo Instagram da Cafesul.

Paralelamente ao seu trabalho diário, as integrantes do Póde Mulheres agregaram ao projeto novos cursos, assessoria técnica para as plantações (com o auxílio do Incaper) e um concurso local de qualidade, valorizando o café conilon da promissora região, que já obteve por duas vezes o título de Coffee of the Year.

A produtora Daiana Pinto, vencedora do concurso de qualidade em 2018, é uma das quase 30 mulheres que atuam nos debates. As integrantes do projeto são unânimes em afirmar que, além da ocupação, os novos conhecimentos e funções lhes trazem auto-estima para a vida.

ALIANÇA INTERNACIONAL

Subindo as montanhas, chegamos até Afonso Cláudio, onde 23 cafeicultoras integram a Associação de Mulheres Empreendedoras da Agricultura Familiar de Vila Pontões (AMEP). De forma independente, elas realizam trabalhos sociais e oferecem capacitação à comunidade no entorno do pequeno distrito, com cursos de formação social e profissional.

Josane Bissoli, produtora que integra a Associação de Mulheres Empreendedoras da Agricultura Familiar de Vila Pontões (AMEP). Crédito: Rafael Zambe/TV Gazeta
Josane Bissoli, produtora que integra a Associação de Mulheres Empreendedoras da Agricultura Familiar de Vila Pontões (AMEP). Crédito: Rafael Zambe/TV Gazeta

A partir de sua produção de pães e biscoitos, as integrantes da AMEP construíram uma sede, que abriga a agroindústria e funciona como local de reuniões periódicas. A associação teve início em 2012 e há três anos faz parte da Aliança Internacional das Mulheres do Café – IWCA Brasil, uma entidade sem fins lucrativos com atuação mundial, formada por mulheres envolvidas em toda a cadeia produtiva do café, com o objetivo de dar visibilidade ao trabalho feminino.

Uma das cafeicultoras associadas à AMEP, Josane Bissoli, destaca a mudança que essa união trouxe para sua vida e para a região. "As mulheres rurais são praticamente invisíveis. Trabalhamos muito, mas nosso trabalho é muito pouco reconhecido e é sempre o homem que aparece. Juntas somos mais fortes e visíveis".

Josane Bissoli

Cafeicultora integrante da Associação de Mulheres Empreendedoras da Agricultura Familiar de Vila Pontões (AMEP)

"O trabalho da mulher fortalece toda a família na agricultura."

Os cafés das associadas são vendidos crus para torrefações em todo o país, e são também exportados para Alemanha e França. Algumas produtoras vendem seu produto na região e pelo Instagram da AMEP, de forma individual, sem marca única. Vale a pena conferir. Bom café!

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