Colunista de Famosos

Após cena de estupro em novela, Michelle Batista lamenta casos na pandemia

Em “Amor Sem Igual”, atriz dá vida a personagem bipolar que sofreu abuso e faz campanha de apoio a vítimas que estão isoladas com seus agressores: “Debate social importante”

Publicado em 15/06/2020 às 06h00
Atualizado em 15/06/2020 às 06h00
A atriz Michelle Batista
A atriz Michelle Batista. Crédito: Jairo Goldflus

Michelle Batista é Maria Antônia, de “Amor Sem Igual”, novela da Record TV que está no ar. A atriz dá vida à personagem que, além de sofrer de bipolaridade, passou por uma delicada situação de violência doméstica e estupro na trama. O tema acabou tomando proporção maior do que se imaginava, já que neste período de isolamento por pandemia do novo coronavírus pesquisas revelam aumento desse tipo de ocorrência em cidades de todo o Brasil.

A estatística já fez até empreendimentos da iniciativa privada e autoridades se mobilizarem para criação de redes de denúncia, como é o famoso caso do Magazine Luiza – pelo aplicativo, vítimas de violência sexual conseguem denunciar de forma mais discreta, sem que o agressor perceba. “É importante que as mulheres saibam que as delegacias continuam funcionando, também”, lembra Michelle.

Michelle Batista

Atriz

"Se minha personagem na novela puder ajudar algumas mulheres, eu fico muito feliz. O apoio de outras mulheres é fundamental em situações assim"

Em bate-papo com a coluna, a atriz, que já protagonizou em trabalhos da Globo, também falou sobre novos projetos e filmagens que devem retomar assim que a quarentena acabar.

Você viveu uma personagem que sofreu um estupro na novela. Como foi a construção da personagem e o que pode descrever da cena na sua posição de atriz?

Eu não sabia que isso aconteceria com a personagem. Foi uma surpresa para o público e até mesmo para mim. Uma responsabilidade enorme trazer esse tema e representar tantas mulheres. Mas uma felicidade de poder usar a personagem para um debate social importante. Se esse acontecimento na novela puder ajudar algumas mulheres fico muito feliz.

Neste período de isolamento, vemos o número de violência doméstica crescer. Algum conselho para essas mulheres?

É importante que as mulheres saibam que as delegacias de apoio a mulher continuam funcionando mesmo com a pandemia. Infelizmente, nós somos frutos de uma sociedade machista que faz com que muitas mulheres, ainda nos dias de hoje, se sintam culpadas ao sofrer uma violência. O apoio de outras mulheres é fundamental nesse momento.

Já li em entrevistas suas que você diz que esse tipo de cena, como a representação do estupro, pode encorajar mulheres. Como?

Em “Amor sem Igual”, a Maria Antônia sente culpa e não quer denunciar o agressor. Isso, infelizmente, acontece entre as mulheres. A Poderosa é a amiga que vai conseguir ajudá-la a ter coragem de colocar esse trauma para fora e falar sobre isso. As mulheres precisam saber que não estão sozinhas, que elas podem contar, além da ajuda profissional, umas com as outras.

Em “O Negócio”, da HBO, e “Matches” (a série) você também dá vida a mulheres que têm histórias polêmicas por trás de suas personalidades. Como artista, se sente no papel de representa-las?

A grande riqueza da vida é a diversidade. Que bom que somos múltiplos, diversos e cheios de histórias para contar. Poder representar pessoas de todos os tipos e todas as experiências possíveis é muito feliz para um ator. Entender e não julgar as escolhas de cada personagem, trabalhando com o máximo de verdade nas nossas construções é muito importante para mim.

Nesse trabalho da HBO você vive Magali, uma prostituta de luxo. Também é uma realidade no Brasil, certo? O que se propôs a trazer à tona com a personagem?

A série teve quatro temporadas que já foram ao ar e continuam disponíveis na HBO GO. Acho que o mais relevante dessa história é o empoderamento feminino. São mulheres fortes, inteligentes, que escolheram a profissão que tem. E não têm medo de suas escolhas.

E em “Matches”, trabalho mais recente, o que já pode adiantar?

A série estreou esse ano e trata de um assunto muito atual: os relacionamentos virtuais. A série conta de maneira divertida como as pessoas se relacionam nos dias de hoje. Nesse momento de quarentena, certamente, muitas pessoas que não haviam experimentado esse recurso estão provando.

E o que você tem feito nesse período de isolamento?

Eu, felizmente, posso me resguardar nesse momento, já que as gravações da novela foram pausadas. Tenho feito ioga regularmente em casa porque, além de ajudar o corpo, ajuda a mente nesse momento de tensão no mundo. Tenho aproveitado também para cozinhar bastante, ler livros e colocar as séries e filmes em dia.

E como acha que será para o mercado da dramaturgia e teledramaturgia quando tudo isso passar? Já se fala em retomada de gravações, por exemplo, não é...?

Ainda não temos uma data definida, mas as gravações serão retomadas assim que pudermos. Imagino que muitas coisas serão diferentes no nosso mercado. Os cuidados de higiene certamente serão redobrados, os contatos físicos talvez sejam mais dosados ou repensados, os teatros possivelmente vão demorar ainda mais tempo para reabrir. Muitas mudanças, eu imagino.

E o que pode falar sobre seus projetos futuros?

Nesse momento, mais importante que pensar nos projetos futuros, é ficar atenta ao presente. Procurar maneiras de ajudar a quem precisa, cuidar das nossas saúdes física e mental e se manter saudável até o fim desta pandemia. Depois disso, podemos pensar no amanhã. Única coisa que espero nesse momento é que essa onda de solidariedade possa permanecer e que a gente saia transformado deste momento difícil.

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