Quando olho para trás e vejo os últimos 50 anos do mercado imobiliário capixaba, percebo que não estou apenas revisitando a minha trajetória, mas também a história de como nossas cidades se transformaram nesse período. É como folhear um álbum de memórias que mistura sonhos individuais e conquistas coletivas.
Nos anos 1970, Vitória ainda tinha ares de cidade média. A Praia do Canto começava a se expandir, bairros ganhavam novos contornos, e a ideia da casa própria se firmava como um dos maiores desejos das famílias capixabas. Foi nesse cenário que, em 1975, iniciei minha jornada no mercado imobiliário, atuando na Skema Imóveis, na Avenida Vitória. O tempo mostrou que aquele início seria apenas a primeira página de uma longa caminhada.
Vieram os anos 1980, com a verticalização dos bairros e o surgimento de condomínios residenciais que mudaram a forma de morar. O setor ainda engatinhava em termos de profissionalização, mas já se percebia a necessidade de organização.
Na década seguinte, enfrentamos crises econômicas nacionais que testaram a resiliência de empresários, corretores e incorporadores. Foi também quando percebi que o mercado não poderia crescer sem instituições fortes. Minha atuação na Associação das empresas do Mercado Imobiliário do Espírito Santo (Ademi-ES) e no Conselho Regional de Corretores de Imóveis da 13ª Região/ES (creci-ES) veio dessa convicção: de que ética, união e transparência eram a base para um setor saudável.
Já os anos 2000 trouxeram uma virada. O crédito imobiliário se expandiu, programas habitacionais ganharam força e vimos a Região Metropolitana se transformar em um imenso canteiro de obras. A velocidade dos lançamentos impressionava, mas o que mais me marcou foi ver novas gerações de profissionais assumindo protagonismo.
Foram milhares de unidades lançadas, bilhões movimentados, centenas de empreendimentos erguidos. Mas sempre digo: números contam apenas parte da história. O que realmente importa são as pessoas. Cada imóvel vendido representa uma família que encontrou seu lugar, um investidor que acreditou, um corretor que cresceu profissionalmente. E foi ao lado dessas pessoas que construímos, juntos, o mercado imobiliário capixaba.
Hoje, ao olhar para esse percurso, tenho a convicção de que nosso setor não é apenas um negócio: é um dos motores do desenvolvimento econômico e social do Espírito Santo. Ajudamos a redesenhar o mapa urbano, a gerar empregos, a fortalecer a economia e, principalmente, a transformar cidades em lugares de vida e convivência.
Mas se no passado o grande desafio foi expandir, agora é reinventar. O consumidor de hoje é mais exigente e conectado. Ele não busca apenas quatro paredes, mas qualidade de vida, bem-estar, sustentabilidade e pertencimento. A inovação tecnológica, a eficiência energética e a integração entre moradia, mobilidade e serviços não são mais diferenciais: são requisitos.
Tenho consciência de que os próximos 50 anos trarão desafios tão complexos quanto os que já enfrentamos. Mas também acredito que eles abrirão oportunidades imensas para quem tiver visão, coragem e capacidade de adaptação. Porque, no fim das contas, o mercado imobiliário nunca foi apenas sobre prédios e terrenos. Sempre foi – e continuará sendo – sobre pessoas, cidades e futuros.
Este vídeo pode te interessar
LEIA EM MERCADO IMOBILIÁRIO
Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.
