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Comerciante obrigado a retirar câmeras ganha cargo na Prefeitura de Vitória

Eugênio Martini foi nomeado nesta quinta-feira (24) pelo prefeito Lorenzo Pazolini (Republicanos)

Cris Samorini, Lorenzo Pazolini, Eugenio Martini, Armandinho Fontoura e Erick Musso
Cris Samorini, Lorenzo Pazolini, Eugenio Martini, Armandinho Fontoura e Erick Musso. Crédito: Instagram/@erickmusso

O comerciante Eugênio Martini, que teve que retirar mais de 200 câmeras de videomonitoramento no Centro de Vitória, é o novo gerente da Central de Serviços da prefeitura da Capital. A nomeação no cargo comissionado, assinada pelo prefeito Lorenzo Pazolini (Republicanos), foi publicada nesta quinta-feira (24).

Martini ganhou notoriedade no mês passado, após ser notificado pela EDP, concessionária de energia elétrica, para desinstalar os equipamentos. De acordo com a companhia, a retirada segue resoluções da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), voltadas para a “qualidade e segurança da rede elétrica e a integridade física das pessoas”.

O comerciante é um velho conhecido dos moradores do Centro, onde reside há 40 anos. No ano passado, foi candidato a vereador pelo PL, recebeu  1.186 votos, não foi eleito e continua filiado à legenda.

Ele contou à coluna, nesta quinta, que o convite para participar da administração municipal partiu diretamente de Pazolini, sem intervenção do partido, ou seja, a nomeação não representa um laço formal da gestão com o partido presidido, no Espírito Santo, pelo senador Magno Malta.

"Eu fui candidato, não fui eleito e agora sou um cidadão comum. Creio que a minha nomeação ocorreu como repercussão do trabalho que eu faço", afirmou o comerciante.

De acordo com o site da PMV, a Central de Serviços é responsável por "manutenção das vias públicas, praças, calçadas, ciclovias, rede de drenagem, limpeza urbana, destinação de resíduos sólidos domiciliares e de saúde, além da administração dos dois cemitérios municipais, recolhimento de móveis usados e doação, por meio da Secretaria de Assistência Social, para famílias carentes, entre outras atribuições".

Questionado sobre experiência prévia na administração pública, Martini respondeu à coluna que o conhecimento que tem sobre o Centro de Vitória e o fato de ter atuado, ainda que informalmente, ao lado de servidores da prefeitura na região, o capacitam para a nova função. 

"Talvez eu tenha 'doutorado' em comparação a outras pessoas que foram nomeadas no passado (para a gerência da Central de Serviços) e não conheciam nada do Centro."

"Fui da Marinha, fui fiscal da Receita, fui técnico de comunicações, corretor de linha telefônica, dono de malharia, de banca de revista, de lanchonete e de discoteca. Conheço morador de rua, conheço ladrão, estudei cinco anos para ser padre, tenho conhecimento sobre a natureza humana e gabarito para lidar com a comunidade", complementou Martini.

Eugenio Martini

Gerente da Central de Serviços de Vitória

"Meu sonho é deixar esta cidade como num conto de fadas"

No Instagram, o secretário de Governo de Pazolini, Erick Musso, deu boas-vindas a Martini: "Chegando para fortalecer ainda mais o nosso time e aprimorar o atendimento à população".

Após o episódio da retirada das câmeras, Martini foi incensado por parlamentares do PL na Câmara de Vitória.

O vereador Darcio Bracarense (PL), por exemplo, até apresentou um projeto de lei para permitir que cidadãos instalem câmeras privadas para captar imagens em locais públicos. Mas a iniciativa foi considerada inconstitucional pela maioria dos vereadores, inclusive os da base do prefeito, e barrada pela própria Casa.

ACENO

Na foto publicada por Erick para anunciar o novo gerente da Central de Serviços (que está no início deste texto), além do prefeito, do secretário de Governo e da vice-prefeita Cris Samorini (PP), aparece o vereador Armandinho Fontoura (PL).

Ainda que a escolha de Martini não tenha sido resultado de uma costura partidária, o que envolveria o aval de Magno Malta, a nomeação representa, politicamente, mais um aceno de Pazolini aos políticos e aos eleitores de direita.

Outros sinais como esses foram enviados quando Pazolini nomeou a ex-deputada federal Soraya Manato (PP) como secretária de Assistência Social e o ex-secretário estadual de Segurança Pública Coronel Ramalho (PL) para comandar a Secretaria de Meio Ambiente. 

O prefeito também defendeu publicamente a anistia aos acusados de tentativa de golpe de Estado de 8 de janeiro de 2023, uma pauta cara ao bolsonarismo e à extrema-direita.

De acordo com o diário oficial, a antecessora de Martini no cargo é Maria da Penha Pereira dos Santos, exonerada em janeiro deste ano. 

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