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Pazolini admite disputar governo do ES "em construção macro" e diz que vice pode "cuidar de Vitória"

Prefeito da Capital é o nome do Republicanos na corrida pelo Palácio Anchieta no ano que vem. Nesta quarta (16), ele fez uma rara declaração pública sobre o assunto. Também falou sobre anistia e cravou: "Sempre fui um político de direita"

Lorenzo Pazolini presta contas na Câmara de Vitória
Lorenzo Pazolini presta contas na Câmara de Vitória. Crédito: Reprodução/Câmara de Vitória

Durante cerca de cinco horas, o prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini (Republicanos), prestou contas à Câmara Municipal, na manhã desta quarta-feira (16). Ao responder questionamentos de vereadores, o chefe do Executivo municipal basicamente exaltou os feitos da própria gestão. 

Em um raro momento, porém, Pazolini falou também sobre as eleições de 2026 e admitiu disputar o Palácio Anchieta:  "Se for da vontade de Deus, consultando a minha família, as pessoas que nos acompanham, com muita humildade, poderemos ter, sim, algo que seja inovador para levar essas políticas públicas aos 78 municípios", afirmou, ao responder a uma pergunta feita por Armandinho Fontoura (PL).

"Mas só se for para ser coletivo, só se for uma construção macro no Espírito Santo", completou.

Podemos interpretar "construção macro" como o apoio de um grupo político estruturado e minimamente amplo. O prefeito quer dizer que não vai ser candidato de qualquer jeito, aos trancos e barrancos, e sim se tiver chances reais de vitória.

O Republicanos, desde janeiro, trata abertamente Pazolini como o nome do partido a ser lançado na corrida pelo governo. O presidente estadual do partido, Erick Musso, secretário municipal de Governo, é o principal articulador do prefeito nessa missão. 

O próprio Pazolini evita se manifestar, publicamente, sobre o assunto, embora dê sinais claros de que tenta viabilizar a própria candidatura: percorre municípios do interior em busca do apoio de lideranças políticas, publica dados de pesquisas de intenção de voto que o colocam como concorrente ao cargo de governador e até abrigou, no secretariado, aliados que podem ajudá-lo na disputa eleitoral.

Para entrar mesmo na corrida, o prefeito vai ter que renunciar ao mandato até o início de abril do ano que vem. É uma exigência da legislação eleitoral. 

Nesse caso, quem passaria a comandar o Executivo municipal, até dezembro de 2028, seria a vice-prefeita Cris Samorini (PP).

Lorenzo Pazolini (Republicanos)

Prefeito de Vitória

"Tenho certeza que a Cris tem condições de continuar cuidando de Vitória, com muita competência"

Ela também é secretária municipal de Desenvolvimento.

Se herdar a gestão municipal, Cris vai contar com um secretariado ligeiramente diferente do que está em atividade hoje. Soraya Manato (PP), da pasta de Assistência Social, e Coronel Ramalho, do Meio Ambiente, por exemplo, devem ser candidatos a deputado federal, o que também os obrigaria a deixar a gestão em abril de 2026.

ANISTIA

Ainda ao responder a questionamentos de Armandinho, Pazolini reafirmou o endosso à anistia aos acusados de tentativa de golpe de Estado que invadiram as sedes dos Três Poderes, em Brasília, no dia 8 de janeiro de 2023.

Se esse projeto for aprovado pela Câmara dos Deputados, apoiadores do ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL) seriam perdoados do cometimento de crimes como tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado, associação criminosa e deterioração de patrimônio público.

"O atual governo central (Lula) prometeu uma pacificação, com uma frente ampla, com o objetivo de olhar para frente. Mas governou olhando para o retrovisor, fomentando a perseguição", afirmou Pazolini. 

"Propomos olhar para frente, pacificar o país, para que possamos voltar a crescer", defendeu ainda o prefeito de Vitória durante a prestação de contas.

"O país só vai voltar a se desenvolver quando essa pacificação ocorrer."

Punir os envolvidos no 8 de janeiro (com direito a defesa e penas individualizadas e adequadas a cada caso) poderia desencorajar atos semelhantes. 

É difícil imaginar a "pacificação" exaltada por Pazolini se invasão e depredação das sedes dos Poderes e, principalmente, apologia a golpe de Estado tornarem-se algo corriqueiro no Brasil.

A anistia, entretanto, é uma pauta cara ao bolsonarismo. 

Ao se alinhar à ideia, o potencial candidato ao Palácio Anchieta ganhou a simpatia de políticos de direita e extrema-direita e dos eleitores deles.

Um exemplo é Armandinho Fontoura, que se dirigiu ao prefeito nesta quarta em tom bastante amistoso. Embora o Partido Liberal não integre oficialmente a base aliada, o vereador tem apoiado a gestão municipal no plenário. 

Por outro lado, o endosso à anistia tornou Pazolini alvo de críticas da esquerda e de pessoas mais afeitas ao regime democrático.

O prefeito, sabida e declaradamente um homem de centro-direita, nunca se disse bolsonarista, nem declarou voto nas eleições de 2022 para a Presidência da República.

Em relação a posicionamentos ideológicos, ele sustentou, nesta quarta, que sempre foi do jeito que é:

Lorenzo Pazolini (Republicanos)

Prefeito de Vitória

"Sempre estive no mesmo lugar, sempre ocupei a mesma posição no espectro político partidário e ideológico. Sempre fui um político de direita, de centro-direita"

O prefeito de Vitória manifestou-se pela primeira vez a favor da anistia em uma publicação no Instagram, no último dia 5.

Na ocasião, ele nem havia sido questionado a respeito. Foi um posicionamento espontâneo sobre um tema controverso, outra coisa que raramente Pazolini faz.

Os ares das eleições de 2026 chegaram para valer. 

PRESTAÇÃO DE CONTAS

A Lei Orgânica de Vitória determina que o prefeito tem que "comparecer semestralmente à Câmara Municipal para apresentar relatório sobre sua administração e responder a indagações dos vereadores". 

A prestação de contas deste semestre, curiosamente, ocorreu agora, em meados de abril, ainda longe do final da primeira etapa do ano. No ano passado, por exemplo, foi nos últimos dias de junho.

Os questionamentos feitos a Pazolini nesta quarta foram majoritariamente afáveis. Ele tem ampla base de apoio na Câmara.

O prefeito não foi teve que ouvir comentários ácidos e tampouco passou por constrangimentos. 

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