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Morre, aos 85 anos, capixaba que fez história no rádio brasileiro

Nascido em Mimoso do Sul, jornalista trabalhou em grandes emissoras do Rio de Janeiro e teve passagens também pela TV

Vitória
Publicado em 25/07/2025 às 11h39
Hilton Abi-Rihan ainda trabalhava, aos 85 anos de idade
Hilton Abi-Rihan ainda trabalhava, aos 85 anos de idade. Crédito: Divulgação

Nem a idade avançada - 85 anos - impediu que o radialista, jornalista, produtor e apresentador Hilton Abi-Rihan fizesse o que mais gostava: trabalhar em rádio. Ainda em plena atividade, o capixaba de Mimoso do Sul morreu nesta quarta-feira (23), no Rio de Janeiro, vítima de um AVC hemorrágico. Após décadas, os microfones de Abi-Rihan estão em silêncio reverente.

Veio o silêncio, mas ficou a História. A paixão de Hilton Abi-Rihan pelo rádio começou muito cedo, na função de locutor na Rádio Difusora da cidade do Sul do Espírito Santo, onde atuou entre 1957 e 1959.

Capital do país e grande centro de atração de artistas, jornalistas e escritores, entre outros talentos da época, o Rio de Janeiro foi o caminho natural percorrido por Abi-Rihan. E foi na capital fluminense que ele atuou como repórter na Rádio Continental, onde ficou até 1976, ano em que mudou de emissora.

Associação Brasileira de Imprensa (ABI)

Em homenagem a Hilton Abi-Rihan

Defensor da educação pela comunicação, sempre pautou seu trabalho por ética, responsabilidade e amor ao Brasil popular. Seu legado ecoará em cada vinil resgatado, em cada história contada com respeito e em cada voz que encontra no rádio um espaço para informar, emocionar e preservar a cultura brasileira

Com a experiência acumulada no radiojornalismo, Abi-Rihan migrou para a Rádio Nacional, para uma posição de prestígio na emissora do governo federal, na função de chefe de Jornalismo.

Na Nacional, o jornalista e radialista capixaba passou a cobrir os grandes eventos do Rio de Janeiro, como o Carnaval e o desfile das escolas de samba. Mas a cobertura jornalística de que mais se orgulhava foi a histórica visita do Papa João Paulo II ao Brasil, em 1980.

NA TV

Abi-Rihan também mostrou seu talento na telinha, em coberturas marcantes na TV Continental e na TV Bandeirantes e, antes, na extinta TV Tupi, onde era locutor e apresentava crônicas.

Como diretor de jornalismo da Rádio Nacional do Rio, montou todo o esquema para a cobertura ao vivo do julgamento da socialite mineira Ângela Diniz, assassinada a tiros pelo namorado, Raul Fernando do Amaral Street, conhecido como Doca Street, em 1976, na Praia dos Ossos, em Búzios, na Região dos Lagos do Rio de Janeiro.

A sambista Beth Carvalho na gravação do especial de Natal do programa Samba e História, comandado por Hilton Abi-Rihan na Super Rede Boa Vontade de Rádio
A sambista Beth Carvalho na gravação do especial de Natal do programa Samba e História, comandado por Hilton Abi-Rihan na Super Rede Boa Vontade de Rádio. Crédito: Priscilla Antunes

O crime, um caso emblemático de feminicídio, chocou o país e desencadeou uma onda de protestos, marcando o início de discussões sobre a violência contra a mulher no Brasil. A Rádio Nacional, segundo a Agência Brasil, foi a única emissora da época a transmitir o julgamento ao vivo do Tribunal do Júri de Cabo Frio.

Mais tarde, quando se transferiu para a Rádio Globo, Hilton Abi-Rihan apresentou, na década de 1990, o programa Show da Madrugada, que comandava ao lado do famoso radialista Washington Rodrigues.

A paixão pelo rádio resistia ao tempo. Mesmo octogenário - nasceu em 30 de outubro de 1939 -, o capixaba ainda apresentava o programa Samba & História, na Boa Vontade TV e na Super Rede Boa Vontade de Rádio, da Legião da Boa Vontade, onde entrevistava e narrava episódios da cultura brasileira.

Hilton Abi-Rihan deixa a mulher, Clemens Abi-Rihan, que conheceu na Rádio Nacional, dois filhos, dois netos e uma imensa saudade em quem teve a sorte de ouvi-lo ao longo de décadas.

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