> >
3 razões para Vitória ser a capital mais valorizada do país

3 razões para Vitória ser a capital mais valorizada do país

Levantamento apresenta resultados que mostram potencial da cidade em ser e a primeira no ranking de valorização

Publicado em 23 de agosto de 2023 às 10:00- Atualizado há 8 meses

Ícone - Tempo de Leitura 4min de leitura
Saiba quais são as 3 razões para Vitória ser a capital mais valorizada do país
Saiba quais são as 3 razões para Vitória ser a capital mais valorizada do país. (Shutterstock)
Autor - Juarez Gustavo Soares
Juarez Gustavo Soares
[email protected]

Pesquisa realizada pelo Fipe Zap divulgada neste mês aponta Vitória como a capital com maior preço por metro quadrado entre as capitais do país e terceiro lugar geral entre as cidades avaliadas.

Com o preço médio do metro quadrado residencial em 10.549 reais, Vitória está à frente de capitais que vinham ocupando esta posição em anos anteriores, como São Paulo (10.483), Rio de Janeiro (9.926) e Brasília (8.814). No ranking geral, a capital do Espírito Santo está atrás apenas de Balneário Camboriú (12.335) e Itapema (11.717), ambas cidades do litoral catarinense.

Elencamos três razões para Vitória ser a capital com maior preço de metro quadrado do país:

1 - Escassez de terrenos

A indústria imobiliária tem por matéria prima a terra e esta, por sua vez, não é reciclável. Para que uma cidade atenda a demanda por moradias e atividades comerciais e de serviço, novas áreas de expansão são requeridas. A ocupação destas áreas proporciona o crescimento das cidades.

A maioria das cidades possui um ou mais vetores naturais de crescimento. Vitória é uma ilha acrescida de uma faixa continental e cercada, ao norte, por Serra; ao sudoeste, por Cariacica; e ao sul, por Vila Velha. Esta peculiaridade da capital capixaba, por si só, compromete suas possibilidades de expansão territorial. Não bastasse isso, boa parte da ilha é tomada pelo seu maciço central, uma faixa de montanha que se estende de uma ponta a outra em sentido latitudinal. Em síntese: Vitória não tem para onde crescer de forma óbvia.

Em décadas passadas, os vetores de crescimento de Vitória apontaram rumo a região norte. Assim desenvolveu-se a região da Praia do Canto e os bairros da orla de Camburi (Jardim da Penha, Mata da Praia e Jardim Camburi), especialmente a partir da década de 80. Hoje, entretanto, são poucos os terrenos disponíveis para incorporação nestes bairros. Sem reposição, os imóveis, tanto os lançamentos, como os prontos, tem seus preços majorados.

2 - Legislação restritiva

O Plano Diretor Urbano (PDU) é o instrumento que o poder público municipal possui para disciplinar o uso e ocupação do solo de uma cidade. Através dele, as prefeituras podem não apenas induzir ou afugentar atividades em determinadas regiões, mas determinar quais atividades podem ou não ser implementadas.

Há um legítimo conflito entre os interesses de seus moradores ou entre estes e a municipalidade em relação às áreas em que a construção de novos empreendimentos deve ser estimulada ou restringida, mas o fato é que, sob o argumento de que o adensamento é algo negativo, os índices construtivos nos bairros da capital vêm sendo reduzidos a cada nova revisão do Plano Diretor.

Como consequência, os novos empreendimentos são inviabilizados ou, para se viabilizarem, precisam atingir preços cada vez mais altos.

3 - Mercado maduro

O mercado imobiliário de Vitória, até mesmo em função do seu tamanho e das características que nortearam o seu desenvolvimento, atingiu uma maturidade bastante saudável. O que significa isto? Significa que as decisões dos atores envolvidos nos negócios (empresários, profissionais e compradores) são tomadas com elevado nível de consciência.

Os empresários analisam com cautela os dados de mercado para definir tipologia, preço e atributos dos empreendimentos a fim de nortear suas decisões de empreender. Além disso, como os bons terrenos hoje na capital são escassos, o volume de lançamentos é baixo, logo, a assertividade é maior.

Os compradores, por sua vez, são exigentes em relação à demanda por novidades e tendências, à qualidade do produto e à transparência em relação ao processo de negociação. Isto faz com que os profissionais (corretores) e empresas imobiliárias também se qualifiquem para atender com eficiência os seus clientes (incorporadores e compradores).

Esta maturidade nas relações e decisões evita o “efeito manada” por parte dos empresários na quantidade, localização e tipologia dos lançamentos, bem como reduz as decisões de compra impulsivas por parte dos clientes, levando à arrependimentos futuros e ao consequente aumento de distratos. Com a oferta sempre alinhada à demanda, o mercado torna-se mais previsível e equilibrado: a curva de valorização é mais acentuada nos períodos de expansão e os preços são mais resilientes nos períodos de crise.

Diante deste fato, uma pergunta se impõe: ser a capital com o preço por metro quadrado mais alto do país é bom ou ruim? Claro que um mercado imobiliário pujante e saudável aumenta a riqueza da sua população e isto é bom. Todavia, pode haver um efeito colateral neste processo que requer atenção: os preços de venda dos imóveis refletem diretamente no preço dos alugueis. Morar torna-se mais caro. Este fenômeno leva a uma transferência de parte dos moradores para cidades vizinhas onde os custos são mais baixos. Um certo equilíbrio neste movimento é necessário, pois, é na diversidade de pessoas e na multiplicidade de interações que está a verdadeira riqueza de uma cidade.

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais