Professora da Ufes, coordenadora da Cátedra Sérgio Vieira de Mello ACNUR/ONU para refugiados e presidente da Comissão de Direitos Humanos da Ufes

Bebê capixaba em Gaza: situação é extremamente preocupante

Criança se encontra em um ambiente hostil e inseguro, onde os recursos básicos, como água potável, alimentos e serviços médicos, são escassos. A falta de uma previsão para o seu retorno ao Brasil agrava ainda mais o quadro

Publicado em 15/11/2023 às 00h10

Na madrugada desta terça-feira (14), ficamos todos emocionados ao ver o desembarque de 32 pessoas que há mais de um mês estavam esperando na Faixa de Gaza autorização de Israel para retornar ao Brasil. Sim, é preciso ser dito que ficamos mais felizes na terça com a chegada das pessoas repatriadas da Faixa de Gaza do que com todos os voos anteriores da operação Voltando em Paz do governo brasileiro.

Ao ver os rostinhos de crianças descendo as escadas do avião presidencial que as trouxe de volta, nosso coração se engrandece de emoção. Isso porque a situação de insegurança e violação direitos humanos das crianças palestinas em Gaza é de uma barbaridade sem precedentes em outras guerras recentes, onde se respeitava o direito humanitário.

A repatriação dos brasileiros da Faixa de Gaza é uma questão crucial e uma responsabilidade que cabia ao Estado brasileiro assumir. É uma forma de cumprir com o compromisso de proteger e defender os direitos de seus cidadãos. Mais do que isso, é uma maneira de reconhecer a injustiça e a desigualdade presente nesse conflito e buscar soluções para promover a paz e o respeito aos direitos humanos. As vítimas desse conflito não podem ser esquecidas, e é necessário que a comunidade internacional se una em busca de uma solução pacífica e justa para o conflito israelo-palestino.

Brasileiros e parentes palestinos desembarcam em Brasília, em voo da FAB
Brasileiros e parentes palestinos desembarcam em Brasília, em voo da FAB. Crédito: Rafa Neddrmeyer/Agência Brasil

guerra entre Israel e Palestina em 2023 trouxe à tona a necessidade urgentíssima de repatriar os brasileiros que se encontravam e ainda se encontram na região da Palestina, mais especificamente na Faixa de Gaza. A situação de instabilidade e violência que assola a região não apenas coloca em risco a vida desses brasileiros, mas também revela a profunda injustiça e a desigualdade presentes nesse conflito histórico.

A presença de brasileiros na Palestina data de muitas décadas, por questões familiares ou mesmo profissionais. Porém, nos últimos anos, a tensão entre Israel e Palestina tem crescido exponencialmente, resultando no conflito armado ora em curso, que já deixou inúmeras vítimas civis e destruição. É por isso que garantir a segurança e repatriação dos brasileiros se torna uma prioridade para o governo brasileiro.

A guerra entre Israel e Palestina não é apenas um conflito territorial, mas também envolve questões étnicas, religiosas e políticas complexas. O cerne do problema está na disputa pela terra e a busca por reconhecimento e soberania. No entanto, é importante ressaltar que, independentemente da raiz histórica do conflito, a violência e a morte de civis são inaceitáveis.

Além das 32 pessoas que chegaram ao Brasil nesta terça-feira, temos notícia de que ao menos outras 50 pessoas de nacionalidade brasileira ou com dupla nacionalidade brasileira-palestina estão pedindo às autoridades diplomáticas a repatriação ao Brasil. Entre essas pessoas estão a mãe e quatro irmãos da capixabinha que está em Gaza visitando familiares, desde março deste ano, e não conseguem retornar ao Espírito Santo.

No caso desta criança capixaba, cuja identidade preservaremos, a situação é extremamente preocupante. Ela se encontra em um ambiente hostil e inseguro, onde os recursos básicos, como água potável, alimentos e serviços médicos, são escassos. A falta de uma previsão para o seu retorno ao Brasil agrava ainda mais o quadro, uma vez que crianças e mulheres ficam, em situações de guerra, mais desprotegidas e expostas do que outros grupos.

Diante dessa situação alarmante, é fundamental a atuação das autoridades diplomáticas e dos órgãos competentes para agilizar o processo de repatriação dessa criança, até mesmo do governo do  Espírito Santo. É imprescindível que o governo tome as medidas necessárias para garantir a segurança e bem-estar dessa criança e de seus familiares, oferecendo apoio e assistência humanitária durante todo o processo.

Além disso, é essencial que a comunidade internacional também se mobilize em prol das crianças que estão vivendo em áreas afetadas pela guerra. A proteção dos direitos das crianças é uma responsabilidade global, e é necessário que todos os Estados e organizações se unam para garantir que elas não sejam vítimas desse conflito.

A comunidade internacional reconhece a necessidade de um cessar-fogo e de soluções diplomáticas para alcançar a paz. Enquanto isso, os brasileiros que se encontram na região vivem na incerteza e na angústia, temendo pela sua segurança e pela de seus entes queridos.

Em tempos de guerra e caos, é essencial que o Brasil exerça sua liderança para garantir a repatriação dos brasileiros na Palestina. É hora de agir, de união e de solidariedade. Nenhum ser humano deveria viver sob constante ameaça e temor, e cabe a nós como sociedade buscar soluções pacíficas e justas para a resolução desse conflito. A repatriação dos brasileiros da Faixa de Gaza está sendo um passo fundamental nessa direção, quem discorda disso não entendeu ainda a sua parcela de humanidade na sociedade internacional.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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