É engenheiro de produção, cronista e colhereiro. Neste espaço, sempre às sextas-feiras, crônicas sobre a cidade e a vida em família têm destaque, assim como um olhar sobre os acontecimentos do país

Vale a pena ter uma jabuticabeira no quintal e fazer geleia

A encomenda com o doce seguiu para o Rio de Janeiro na mala de Cláudio, meu irmão. A destinatária? Uma amiga de longa data

Publicado em 27/05/2022 às 02h02
Fruta
Jabuticabas colhidas no quintal de Alvaro Abreu. Crédito: Alvaro Abreu

Na semana passada, mandei de presente, para uma amiga de longa data, um potinho de geleia feita com jabuticabas do nosso quintal, colhidas de uma pequena jabuticabeira que plantamos há uns 30 anos nos fundos do terreno. Ela não tem mais do que 3 metros de altura e 2 de diâmetro, dimensões pouco maiores das que ela tinha quando chegou aqui na carroceria de um caminhãozinho da Sempre Verde, que existia pertinho do antigo aeroporto. Foi comprada como sendo de enxerto e sob a promessa de que já estava produzindo, o que se confirmou logo depois.

Com o passar dos anos, a danada tomou gosto e passou a dar duas, três, cinco safras por ano, provavelmente em função do regime de chuvas do período, para usar uma linguagem mais técnica.

O fato é que os moradores da casa, visitantes eventuais e, sobretudo, os passarinhos que frequentam o quintal em busca de comida farta e fresca são agradecidos por tamanha produtividade. Em caso de descrença do leitor, sou capaz de mostrar fotos das frutas agarradas nos troncos e enchendo uma das peneiras compradas, faz muito tempo, na calçada do mercado de Guarapari, de um homem já bem velho que as fazia em Anchieta.

A encomenda seguiu para o Rio de Janeiro na mala de Cláudio, meu irmão. Depois de colocar o vidro de geleia em um saco bem amarrado na boca, procurei, sem sucesso, uma caixa de tamanho adequado e resolvi usar como embalagem uma garrafa de água de coco.

Para isso, cortei com cuidado quase o perímetro inteiro da garrafa na parte perto do gargalo, o suficiente para acomodar o vidro da geleia no fundo dela, preenchendo o vazio restante com um pedaço de plástico com bolhas de ar, guardado para eventualidades. Aproveitei para colocar também uma espátula de bambu para que a minha amiga pudesse se servir da geleia. Em seguida, voltei a fechá-la, agora com a ajuda de fita adesiva fixada em cima do corte, não sem antes incluir um pequeno bilhete para a destinatária.

Pra completar, colei um rótulo com o nome da amiga em letras grandes, para que não restassem dúvidas ao porteiro do edifício que estivesse trabalhando quando ela fosse lá buscar a encomenda.

Pelo que ela disse em áudio no WhatsApp, o presente fez um enorme sucesso, fosse pelo gosto travante da geleia da fruta preferida, fosse pelo design do potinho que Carol havia comprado na Vila Rubim, da espátula que fiz com bambu trazido da Suíça e do invólucro padrão Magaiver da TV. Mais do que tudo, pela descoberta de que havia um bilhete dentro da garrafa, que a fez lembrar daquelas lançadas ao mar por náufragos esperançosos. Ela contou que a emoção gerou um grande alvoroço, a ponto de atrapalhar o serviço de abrir o presente.

Moral da história: compensa ter jabuticabeira em casa, produzir geleia, fazer espátula, escrever mensagem e embrulhar tudo e pedir que um irmão leve pra uma amiga que não se vê há mais de 50 anos, nem em fotografia.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

A Gazeta integra o

Saiba mais
Vitória (ES) Crônica

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.

A Gazeta deseja enviar alertas sobre as principais notícias do Espirito Santo.