A Suzano, gigante brasileira na produção de celulose e papel, anunciou, na manhã desta quinta-feira (05), um acordo para comprar 51% dos negócios internacionais de papéis tissue (para higiene pessoal) da norte-americana Kimberly-Clark, dona de 40 marcas, entre elas: Scott, Kleenex, Viva, WypAll e Kimberly-Clark Professional. A companhia brasileira vai pagar US$ 1,734 bilhão à vista e poderá comprar os demais 49% da empresa, que atua em praticamente todo o planeta, daqui a três anos. Os empreendimentos da Kimberly-Clark na América do Norte não estão no pacote.
A estratégia, agora global, do conglomerado brasileiro é a seguinte: crescimento com agregação de valor à produção. Isso significa dizer que a companhia, que fez história produzindo celulose a partir da fibra do eucalipto, matéria-prima do papel, vai seguir firme na rota iniciada em meados da década passada e vai continuar investindo alto na produção de tissue (papel higiênico, guardanapo, toalhas de papel e lenços, por exemplo). E o que o Espírito Santo, que abriga alguma das maiores linhas de produção da Suzano, tem a ver com isso? Muita coisa.
O Estado, que é um dos principais parques de celulose do Brasil desde os anos 70, quando a Aracruz Celulose (hoje Suzano), instalou a sua primeira fábrica. Hoje, são três usinas, a última inaugurada nos anos 2000. De lá para cá, uma mudança relevante nos rumos dos investimentos. Todos os novos aportes, no Espírito Santo, foram para materiais acabados. Em 2020, a Suzano abriu as portas de uma conversora de papel (tissue para papéis higiênicos de folhas dupla e tripla), em Cachoeiro de Itapemirim. Um aporte de R$ 130 milhões. No final de 2025, em Aracruz, ao lado das atuais linhas de celulose, a companhia coloca para funcionar uma estrutura completa de produção (da celulose ao produto final). Um investimento de R$ 650 milhões com capacidade para 60 mil toneladas por ano.
A nova usina é tida como estratégica para a integração (de todas as frentes do conglomerado) e para a ampliação da produção. É muito moderna, está próxima das unidades de celulose, está no Sudeste - que é o grande centro consumidor do Brasil - e, além de tudo, está ao lado de Portocel (terminal portuário controlado por Suzano e Cenibra). Ou seja, o Estado tem base florestal, produção de celulose, fábricas modernas de papel e porto. Combinação para lá de interessante dentro da estratégia de expansão da Suzano.
Outro detalhe importante, tornando-se uma grande produtora global de papel, a Suzano, enquanto vendedora de celulose, fica muito menos exposta aos humores do mercado internacional. Mais uma relevante notícia para a economia capixaba.
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