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Café: produtor brasileiro é o mais prejudicado por gargalos logísticos

Às véspera do início de uma safra de café conilon que promete ser recorde, os portos brasileiros seguem sendo uma trava para escoar a produção que vai para fora do país

Publicado em 22/04/2025 às 18h08
Galpão de café conilon, em Linhares
Galpão de café conilon, em Linhares. Crédito: Abdo Filho

Às véspera do início de uma safra de café conilon que promete ser recorde, os portos brasileiros seguem sendo uma trava para escoar a produção que vai para fora do Brasil. Em março, ou seja, mesmo ainda na entressafra, o setor não conseguiu embarcar 637.767 sacas (1.932 contêineres) do produto. Um prejuízo de R$ 8,9 milhões para os exportadores com gastos imprevistos com armazenagem adicional, detentions (taxa cobrada quando um contêiner fica fora do porto por um período superior ao permitido), pré-stacking (preparação da logística que antecede o embarque nos navios) e antecipação de gates (processo que permite a entrada antecipada da carga no terminal, o que facilita o despacho).  

Desde que o Cecafé iniciou o levantamento, em junho de 2024, as empresas associadas à entidade já reportaram um prejuízo de R$ 66,576 milhões com esses custos extras em função da estrutura defasada nos principais portos de escoamento de café do Brasil. “O Brasil é o país que mais repassa o preço FOB da exportação (o exportador é responsável por todos os custos e riscos até que a mercadoria seja colocada a bordo do navio) ao produtor e, ao deixarmos de embarcar nossos cafés devido à não concretização dos embarques, temos o repasse menor a nossos cafeicultores, que trabalham arduamente para entregar produtos de qualidade e sustentáveis”, explica o diretor técnico do Cecafé, Eduardo Heron.

"Todas as cargas que dependem de contêineres enfrentam esses problemas que relatamos no café e a tendência é que o cenário se agrave, pois o agronegócio não para de evoluir e serão necessários anos para chegarmos a condições adequadas na logística portuária. Basta lembrar que estamos na entressafra, com oferta menor, e, ainda assim, mais de 600 mil sacas de café estão paradas nos pátios, onerando nossos exportadores, por não terem condições de embarque devido à falta de condições modernas e contemporâneas nos portos".

Em todo o Brasil, os maiores atrasos estão concentrados nos portos de Santos e do Rio de Janeiro, que são os maiores escoadores da produção brasileira. No ano passado, em julho, o Centro do Comércio de Café de Vitória (CCCV), junto com o Centrorochas, soltou uma carta reclamando duramente do Porto de Vitória, que escoa boa parte do café conilon (o Espírito Santo responde por 70% da produção brasileira).

No ano passado, as exportações de café pelos portos do Espírito Santo, em todo o ano de 2024, chegaram a 8.360.636 sacas de 60 quilos. De acordo com o CCCV, 84% foi de conilon. Pelas contas da entidade, foram escoadas por portos fora do Espírito Santo, pelo menos 1,4 milhões de sacas de café conilon, 1,8 milhões de sacas de café arábica e 350 mil sacas de café solúvel. A expectativa para a safra atual é de que sejam colhidas, no Estado, 18 milhões de sacas de conilon e 3 milhões de arábica. 

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