A baixa oferta de mão de obra virou um enorme limitador de crescimento para as empresas do Brasil e do Espírito Santo. Um dos mais importantes contratantes da economia, os supermercados do Espírito Santo empregam 60 mil diretamente e 120 mil indiretamente. A coisa poderia ir além. Hoje, 6 mil vagas estão abertas no Estado, mas não são preenchidas por falta de trabalhadores. Trata-se de quase a mesma quantidade de postos abertos e ocupados entre janeiro e julho de 2025: 7,7 mil. Os dados são da Associação Capixaba de Supermercados (Acaps) e do Connect Fecomércio/ES.
"O desafio da escassez de mão de obra é enorme, diria que é dos maiores que temos. São 6 mil vagas que não conseguimos preencher, não é pouca coisa. É um limitador de crescimento e, dependendo da operação, encarece a estrutura. Precisamos, como sociedade, olhar com muita atenção para essa questão", a atenção João Tarcísio Falqueto, presidente da Acaps, na abertura da Acaps Trade Show, nesta terça-feira (16).
Paulo Baraona, presidente da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), que também participou da abertura do evento, fez coro. "Estudo recente da Confederação Nacional da Indústria (CNI) detalha o chamado Custo Brasil. Isso dá R$ 1,7 trilhão por ano. A falta de mão de obra é parte importante desse alto custo que todos nós pagamos. Temos um dever de casa a fazer, o problema não é pequeno, isso tira a nossa competitividade, isso tira os nossos recursos".
Especialistas afirmam que o grande desafio é atrair uma enorme massa de pessoas que estão à margem da chamada empregabilidade. A imensa maioria encontra-se em posição de vulnerabilidade econômica, educacional e social. Muito embora os números venham melhorando, há um desafio posto de trazer essas pessoas para o mercado. A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada, nesta terça-feira, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra que o desemprego está em 5,6% no Brasil (no Espírito Santo é ainda menor), a menor da série histórica, iniciada em 2012. A população ocupada no mercado de trabalho até julho ficou em 102,4 milhões, recorde na pesquisa. Outros dois dados importantes: a renda média dos trabalhadores é recorde R$ 3.484,00 e os desalentados (quem desistiu de procurar emprego) caíram para 2,7 milhões, queda de 15% (menos 475 mil pessoas) no ano.
A renda subiu e os desalentados estão vindo, mas a demanda é maior, portanto, é importante acelerar o passo. Empresas do Estado estudam entrar no programa Acredita no Primeiro Passo, inaugurado em julho pelo governo federal. A ideia é conseguir contratar pessoas cadastradas no Cadastro Único (CadÚnico), são mais de 25 milhões de famílias, e o governo seguir pagando, por um período, os benefícios sociais. Em paralelo, é fundamental, seguir investindo em programas de qualificação para toda a força de trabalho.
O caminho não é simples, mas as demais alternativas na mesa (automação, por exemplo), não servem para todos os casos.
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