A 11 quilômetros do Centro de Anchieta, no Litoral Sul do Espírito Santo, está a segunda maior lagoa do Espírito Santo: Mãe-Bá. As águas esverdeadas, que hoje são ponto turístico da cidade, guardam entre gerações de moradores da região uma lenda que envolve a morte misteriosa de uma indígena ao atravessar a lagoa em uma canoa.
Anchieta, que tem sua origem ligada a uma aldeia indígena catequizada por padres jesuítas, é também terra fértil de histórias. Uma das lendas urbanas do município é a da indígena Bá. O doutor em História Leonardo Nascimento Bourguignon conta que escreveu um livro didático, utilizado nas escolas da cidade, sobre histórias do município, e a da lagoa é uma delas.
Leonardo descreve que, nas rodas de conversas, os antigos moradores contam que há muito tempo a comunidade era governada por Bá, curandeira, protetora e conselheira. Quando um menino da tribo adoeceu e não melhorava, a indígena atravessou uma lagoa para rezar. Durante esta travessia, sua canoa virou e ela desapareceu, sendo encontrada morta uma semana depois. A tribo, então, cremou o corpo dela e espalhou as cinzas sobre a lagoa, que passou a se chamar Mãe-Bá.
Lagoa de Mãe-Bá é um ponto turístico de Anchieta
Verdade ou não, a lenda se propagou ao longo do tempo e a indígena é símbolo hoje de uma figura de força e sabedoria. É o que conta o morador Moises Costa. No final de 2024, um mural, representando Mãe-Bá, ganhou forma em uma homenagem do projeto voluntário ‘Mãos Que Fazem Mãe-Bá’ – realizado por um grupo de moradores locais para promover o desenvolvimento econômico e turístico da comunidade.
Moises Costa
Morador
Fizemos uma pracinha, um píer flutuante para pescaria e resolvemos também homenagear Mãe-Bá com a arte. Esse mural fica às margens da lagoa e foi pintado pelo artista Wally Almeida
Onde fica
Cerca de 70% da lagoa fica em Anchieta e o restante faz divisa com Guarapari. No sentido Vitória a Anchieta, Mãe-Bá é a primeira localidade via Rodovia do Sol. Com 3,7 quilômetros quadrados e separada do mar por uma estreita restinga repleta de belas falésias, a Lagoa Mãe-Bá é a segunda maior lagoa de água-doce do Estado, (Lagoa Juparanã, em Linhares, é a maior do Espírito Santo e do Brasil em extensão territorial).
Os turistas que visitam a região, além de contemplarem a beleza da Lagoa Mãe-Bá, podem conferir bolsas, esteiras, cestas, agendas e lustres, que são algumas das muitas peças feitas pelas artesãs locais – que utilizam como matéria-prima a taboa, vegetal aquático extraído da lagoa.
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