Repórter / [email protected]
Publicado em 20 de janeiro de 2021 às 09:34
- Atualizado há 5 anos
Nesta quarta-feira (20), completam-se 38 anos da morte precoce de Garrincha, imortalizado como o "anjo de pernas tortas". O apelido do inconfundível driblador se deu por conta de problemas congênitos, entre eles a diferença de alguns centímetros entre as pernas, além de valgismo - popularmente conhecido como "joelho para dentro". >
Ainda que com essas adversidades, Manoel Francisco dos Santos, conseguia entortar adversários com a camisa da Seleção Brasileira ou do Botafogo. Pelo time canarinho, foram duas copas conquistadas - 1958 e 1962. Conquistou também uma legião de fãs ao redor do mundo. >
Mas a eficiência com que passava pelos adversários era proporcional a dor que sentia ao jogar. Garrincha sempre conviveu com ela, especialmente nos joelhos. Devido às limitações físicas, o atleta sobrecarregava o próprio corpo e por vezes precisava atuar com infiltrações. Com a medicina esportiva não tão avançada como observada na atualidade, o ídolo botafoguense buscava por tratamentos alternativos. >
E um deles o trouxe até Guarapari: no ano de 1963, a fama das propriedades milagrosas das areias monazíticas do município capixaba fizeram com que o astro da bola arrumasse as malas e viesse acompanhado da então amada, Elza Soares, para o Estado. "Enterrando-se" na Praia da Areia Preta, que ele buscou se livrar das dores. Foi devido a esta fama, inclusive, que o município ganhou o apelido de "Cidade Saúde".>
>
Recomendado pelo treinador João Saldanha e com o consentimento do Botafogo, Garrincha repetiu por sete dias o procedimento em cobrir o joelho direito com a areia monazítica. As sessões tinham de ocorrer por duas horas diárias, intercaladas entre parte pela manhã e o restante à tarde. >
A presença de um bicampeão mundial na cidade mexeu com o cotidiano de Guarapari. Assim que o craque chegava à praia para iniciar o tratamento, uma multidão se aglomerava em torno dele e de Elza Soares, mas eram as crianças que irradiavam uma alegria contagiante em ver o jogador tão de perto. >
A passagem de Garrincha por Guarapari não se limitou ao tratamento. Ele e Elza Soares ficaram hospedados no luxuoso e extinto Radium Hotel. O local era ponto de estadia certa de personalidades, artistas, políticos e outros famosos. Além de uma estrutura e atendimento de alto nível, o hotel contava com um suntuoso cassino. Apreciador da noite e da boemia, não era difícil encontrar o jogador por lá nas horas vagas. Na cidade, Garrincha ainda foi consultado pelo médico Roberto Calmon, então prefeito guarapariense, antes de se enterrar nas areias pretas. >
Após passar por Guarapari, Garrincha voltou a atuar, mas as dores nunca o abandonaram. Foi assim até aposentar-se em 1972 com a camisa do carioca Olaria. Antes, após a Copa de 1966, o astro passou por um declínio físico, influenciado pelo alcoolismo e o agravamento dos problemas no corpo que o acompanharam ao longo da carreira. >
No ano em que se aposentou, Garrincha voltou ao Espírito Santo, desta vez em Alegre, na região Sul. Já fora de forma, ele chegou à cidade para um jogo festivo pelo time do Alegrense. A presença dele no município no dia 2 de setembro parou a cidade e lotou o estádio Benedito Teixeira Leão. Foram 60 minutos em campo e o astro não fez gol. Esta exibição foi apenas uma das muitas que ele realizou após pendurar as chuteiras. >
Seis anos mais tarde, já praticamente entregue à bebida, Garrincha faleceu aos 49 anos, vítima de cirrose hepática, deixando triste os apreciadores do bom futebol. Felizmente, ele também deixou boas histórias, duas delas ocorridas em solo capixaba. >
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta