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'Você não acredita na Justiça?', diz Bolsonaro sobre denúncia contra Glenn

'Você não acredita na Justiça?', diz Bolsonaro sobre denúncia contra Glenn

Presidente questionou se Glenn ainda mora no Brasil. Jornalista foi denunciado pelo MPF mesmo sem ser investigado pela PF por suposto envolvimento no hackeamento de contas de Telegram de autoridades

Publicado em 21 de janeiro de 2020 às 16:50

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Presidente da Repu?blica, Jair Bolsonaro fala com a imprensa. (Isac Nóbrega/PR)

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) questionou nesta terça-feira (21) se os veículos de imprensa não acreditam na credibilidade do Ministério Público Federal (MPF) após o jornalista Glenn Greenwald, fundador do site The Intercept Brasil, ter sido denunciado. Sob a acusação de envolvimento no hackeamento de contas de Telegram de autoridades como o ministro da Justiça, Sergio Moro, sete pessoas foram denunciadas, incluindo o jornalista, que não havia sido nem investigado.

Na entrada do Palácio da Alvorada, o presidente questionou inicialmente se Glenn ainda mora no Brasil. "Não devia nem estar. Onde está esse cara? Ele está no Brasil?", perguntou.

Na sequência, o presidente foi indagado se a denúncia contra o jornalista poderia ser interpretada como uma perseguição à atividade da imprensa. Inicialmente, ele não quis responder. Diante da insistência, fez uma ironia.

"Quem denunciou foi a Justiça. Você não acredita na Justiça?", disse Bolsonaro, corrigindo-se após ser informado que cabe ao Ministério Público fazer a denúncia. "É MP, MP", afirmou.

Em nota enviada à coluna Mônica Bergamo, da "Folha de S. Paulo", Glenn afirmou que a denúncia "é uma tentativa óbvia de atacar a imprensa livre em retaliação pelas revelações que relatamos sobre o ministro Moro e o governo Bolsonaro".

Em julho, pouco mais de um mês após a publicação da primeira reportagem com base nas mensagens com os diálogos da força-tarefa da Lava Jato, Bolsonaro chamou Glenn de "malandro". "Talvez pegue uma cana aqui no Brasil, não vai pegar lá fora não", afirmou à época.

Glenn não foi investigado nem indiciado pela Polícia Federal, mas o procurador Wellington Oliveira, do Ministério Público Federal em Brasília, entendeu que ficou demonstrado, em um áudio encontrado em um computador apreendido, que o jornalista orientou o grupo de hackers a apagar mensagens.

Isso, segundo Oliveira, caracterizou "clara conduta de participação auxiliar no delito, buscando subverter a ideia de proteção a fonte jornalística em uma imunidade para orientação de criminosos". De acordo com o Ministério Público, Glenn não foi investigado pela Polícia Federal em respeito a uma decisão cautelar do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal.

O Ministério Público informou que vai enviar cópia da denúncia à PGR (Procuradoria-Geral da República) para subsidiar eventual pedido de revogação da decisão que impede a realização de investigações sobre a atuação de Glenn no caso.

O procurador Wellington Oliveira é o mesmo que denunciou o presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Felipe Santa Cruz, sob acusação de calúnia contra Moro. 

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Santa Cruz disse que o ministro bancou o "chefe da quadrilha" ao avisar autoridades que teriam sido alvo de hackers. A Justiça rejeitou a denúncia na semana passada.

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