Publicado em 18 de abril de 2020 às 11:30
Em seu primeiro dia no cargo, o novo ministro da Saúde, Nelson Teich, adotou uma postura discreta e concentrou o dia em reuniões com a equipe da pasta acompanhado de um assessor de comunicação do Palácio do Planalto, Samy Liberman.>
Teich assumiu a pasta depois de seu antecessor, Luiz Henrique Mandetta, ser demitido sob críticas de não seguir orientações do presidente Jair Bolsonaro e de que havia assumido um protagonismo excessivo no cargo.>
Na tentativa de mostrar alinhamento, o novo ministro priorizou a agenda do primeiro dia com auxiliares próximos de Bolsonaro e dispensou, até domingo, a tradicional coletiva para atualização de dados sobre o novo coronavírus.>
Após a posse, Teich almoçou com Bolsonaro e, à tarde, teve reuniões com os ministros da Casa Civil, Walter Braga Netto, e da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos.>
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Ao chegar ao ministério, evitou contato com a imprensa e entrou pela garagem, diferentemente da praxe adotada pela maioria dos ex-ministros da pasta.>
Em reuniões, parte dos secretários da gestão anterior do Ministério da Saúde se colocou à disposição para ajudar na transição.>
Bolsonaro já afirmou que pretende indicar parte da equipe. Segundo assessores palacianos, embora alguns membros possam ser mantidos, o cargo número 2 deve ser indicado a uma pessoa de fora da pasta.>
O atual secretário-executivo, João Gabbardo dos Reis, esteve em reuniões com o novo ministro para informá-lo de ações da pasta.>
Teich deve passar pelo primeiro teste de fogo no cargo no domingo, quando ocorre uma reunião de ministros da saúde do G20, grupo que reúne as 20 maiores economias mundiais.>
O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, esteve no fim da tarde na sede da pasta com o novo ministro.>
Araújo conversou sobre o tema com Teich e disse, em entrevista, que o ministro vai apresentar a posição brasileira no combate à Covid-19, mas não detalhou se haverá uma defesa a um isolamento mais brando diante de outros países.>
"Competirá a ele [o que será exposto], mas, pelo que nos conversamos, ele vai expor suas ideias e acho que são fundamentais para o enfrentamento", disse. "O G20 é o espaço onde os países trocam informações, trocam ideias, trocam as melhores práticas. Acho que o Brasil terá muito a contribuir. E a ouvir.">
Em meio aos compromissos, um encontro com o Mandetta, previsto para sexta-feira, ainda não havia ocorrido até o fim da tarde.>
Embora tenha citado em discurso de posse que tentaria fazer uma gestão próxima dos estados e municípios, o ministro assumiu o cargo com desentendimentos com gestores municipais e estaduais de saúde, que participam das decisões sobre o SUS.>
Um dos representantes do Conass, conselho que representa secretários estaduais de saúde, foi barrado na porta na entrada da cerimônia. Outro foi avisado de que haveria o evento, mas que não estava convidado.>
Em geral, todas as posses de ministros da saúde são acompanhadas pelo grupo.>
O presidente do Conass, Alberto Beltrame, que está em isolamento por ter sido diagnosticado com coronavírus e havia enviado um representante para o evento, classificou a situação como um "fato inédito em toda a história do SUS".>
"A colegialidade da gestão e o respeito a estados e municípios é o mínimo que se espera do Ministério da Saúde neste grave momento de crise de saúde pública que vivemos", disse.>
Em nota, o Ministério da Saúde disse, que por causa da crise do coronavírus, o ato no Palácio do Planalto foi restrito a poucas pessoas e que representantes dos conselhos seriam convidados para uma reunião de apresentação e trabalho no ministério.>
Por volta das 15h, Teich ligou para Beltrame, em uma primeira tentativa de aproximação com representantes dos estados e para pedir desculpas.>
Segundo Beltrame, a conversa foi "franca e cordial" e as desculpas "foram aceitas".>
Na ligação, diz, o ministro "manifestou compromisso com o SUS" e "disposição para o diálogo" com estados e municípios na gestão da crise.>
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