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Salles usa imagem antiga para falar que Greenpeace é culpado por óleo no NE

Salles usa imagem antiga para falar que Greenpeace é culpado por óleo no NE

"Tem umas coincidências na vida né... Parece que o navio do #greenpixe estava justamente navegando em águas internacionais, em frente ao litoral brasileiro bem na época do derramamento de óleo venezuelano...(sic)", Salles escreveu no Twitter

Publicado em 24 de outubro de 2019 às 19:03

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Ministro do Meio ambiente, Ricardo Salles. (Antonio Cruz/Agência Brasil)

Após usar um vídeo editado para criticar o Greenpeace na última segunda-feira (21), o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, publicou nesta quinta (24) uma foto do navio Esperanza, da ONG, sugerindo que a embarcação poderia estar relacionada ao derramamento do óleo que atinge o litoral do Nordeste de 30 de agosto.

"Tem umas coincidências na vida né... Parece que o navio do #greenpixe estava justamente navegando em águas internacionais, em frente ao litoral brasileiro bem na época do derramamento de óleo venezuelano...(sic)", Salles escreveu no Twitter.

Após a repercussão, a ONG divulgou que entrará na Justiça contra o ministro. "Tomaremos todas medidas legais cabíveis contra todas as declarações do Ministro Ricardo Salles. As autoridades têm que assumir responsabilidade e respondem pelo Estado de Direito pelos seus atos."

A publicação de Salles dá a entender que a foto é atual. Entretanto, o primeiro registro de publicação da imagem é de 2016, ocasião em que o navio Esperanza estava no oceano Índico protestando contra o que a ONG classificava como pesca destrutiva por meio do uso de dispositivos que atraem peixes, tirando-os da sua rota.

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), cobrou explicações de Salles por meio do seu Twitter. "Estamos esperando uma posição oficial do Ministério do Meio Ambiente."

De acordo com o Greenpeace, o Esperanza estava na Guiana em expedição para "expor as ameaças das petrolíferas" aos corais da Amazônia. Hoje, o navio está em Montevidéu, no Uruguai, promovendo a campanha "Proteja os Oceanos".

Questionado, o Greenpeace disse à reportagem que o navio Esperanza é uma embarcação híbrida, de classe Yacht, e habilitada para transporte de carga e de passageiros, mas que não dispõe de estrutura para armazenamento e transporte de petróleo, atividade que requer autorização de órgãos do governo.

Desde o início da semana a ONG vem sendo alvo de críticas do ministro. Na segunda (21), Salles ironizou um vídeo do Greenpeace em que um porta-voz da organização responde à pergunta "Por que o Greenpeace não está nos locais atingidos ajudando na limpeza?". "O Greenpeace 'explicou' porque não pode ajudar a limpar as praias do Nordeste... ahh tá...(sic)", escreveu o ministro.

O vídeo utilizado pelo ministro para criticar a suposta ausência de voluntários da ONG em grupos de limpeza de praias do Nordeste foi editado e parte foi retirada. O vídeo completo tem cerca de três minutos, dos quais mais da metade não aparece na montagem compartilhada pelo ministro.

Na versão original, publicada na sexta-feira (18), o porta-voz do Greenpeace explica que há voluntários trabalhando junto com instituições governamentais para limpar as praias afetadas. Além disso, a ONG também cita voluntários no Maranhão e Ceará que estariam colhendo depoimentos de moradores e registrando em foto e vídeo os locais afetados.

Nesta quarta (23), o ministro publicou em seu Twitter fotos de um ato de voluntários da ONG em Brasília, ocasião que ativistas simularam queimadas e jogaram óleo no calçadão do Palácio do Planalto. Pelo menos 19 ativistas foram detidos no gramado em frente ao Congresso Nacional e levados ao 5º DP da capital federal para averiguação.

Os ativistas foram liberados horas mais tarde, mas a polícia não divulgou a razão da detenção do grupo, segundo a ONG.

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