Publicado em 24 de junho de 2020 às 16:12
Professores estaduais de São Paulo ameaçam entrar em greve contra a volta gradual às aulas na rede de ensino, anunciada nesta quarta-feira (24) pelo governador João Doria (PSDB). >
A proposta prevê que as aulas presenciais devem retornar, com rodízio entre os alunos, em 8 de setembro, apenas se todo o estado se mantiver por 28 dias (quatro semanas) na fase amarela (a terceira) do plano de reabertura da economia paulista.>
Representantes do professorado dizem que os docentes receberam a notícia com preocupação, numa decisão que avaliam como "prematura" e "incerta".>
"Acreditamos que não era o momento ainda de se anunciar, porque não se sabe como estará a situação até setembro. Muitos professores já entraram em contato conosco antecipando que não irão voltar às escolas caso não haja mais certeza sobre a segurança contra a transmissão do vírus", diz Silvio dos Santos Martins, segundo vice-presidente do CPP (Centro do Professorado Paulista). "Sem clareza, não dá para marcar data com antecipação para o retorno.">
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O plano de volta às aulas presenciais prevê ainda que haverá uma combinação de aulas presenciais e à distância. Desde abril, o governo do estado tem feito aulas remotas para os estudantes da rede estadual parte dessas atividades continuará sendo feita com o uso de tecnologia no segundo semestre.>
"A criança e o adolescente não são do grupo de risco, de maneira geral. Mas o aluno volta para casa e pode ter contato com membros da família que são. Sem falar que muitos dos professores e diretores são, eles mesmos, do grupo de risco. As pessoas estão com medo", diz Martins.>
A entidade afirma que vai se reunir e estudar o que pode ser feito contra a decisão do estado, da maneira que está sendo apresentada.>
"Foi um anúncio inconsequente e irresponsável, pois estamos tendo em São Paulo o aumento do contágio e de mortes. Muitas cidades estão voltando atrás com a flexibilização, como Sorocaba, Registro, Marília, Campinas. O plano de retorno transforma nossos alunos e profissionais da educação em cobaias", diz o deputado estadual Carlos Giannazi (PSOL).>
O parlamentar pretende acionar a Justiça para revogar o decreto que será publicado no dia 2 de julho e defende que o anúncio da retomada deveria ser feito após a redução drástica da pandemia, com garantias de segurança sanitária.>
"As escolas não têm condições de atender às orientações apresentadas. Faltam funcionários, temos mais de 100 escolas de lata só na rede estadual.">
A Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial de SP) também se posicionou contra o retorno das aulas presenciais tanto nas redes públicas quanto privada de ensino.>
Junto a mais de 30 representantes de entidades ligadas à Educação, o sindicato assinou, na última semana, uma nota pública contestando a volta às aulas.>
"Não há nenhuma orientação das autoridades sanitárias embasada em estudos científicos que garanta, neste momento, um nível aceitável de segurança para o retorno das aulas em meio à pandemia causada pelo novo coronavírus", diz o documento.>
A condição anunciada pelo governo para retomada das aulas é que o estado esteja durante pelo menos 28 dias (quatro semanas) na fase amarela do plano de reabertura da economia paulista.>
No momento, nenhuma região de São Paulo está nessa fase, que prevê flexibilização com abertura controlada de comércio e serviços a 40% da capacidade, além de bares e salões de beleza.>
Todas estão na fase vermelha (alerta máximo, sem abertura) ou laranja (controle, com abertura de comércio e serviços a 20% da capacidade). As outras fases são a verde (abertura parcial, a 60%) e azul (normalidade controlada).>
Segundo o governador João Doria, o plano de volta às aulas engloba de creches a universidades, da rede estadual e municipal, e também serve como recomendação às entidades privadas. O plano completo e as condições de retomada, se atingidas ou não, serão anunciados apenas no dia 4 de setembro, informou o governo em entrevista coletiva.>
Na primeira etapa da retomada das aulas, as atividades voltam com 35% dos estudantes em sala. Depois, numa segunda fase, serão 70%, até chegar a 100% na terceira. Os protocolos englobam distanciamento entre os alunos, monitoramento das condições de saúde e protocolos de higienização dos ambientes escolares.>
Será obrigatório o uso de máscaras, que serão distribuídas pelo governo, tanto dentro do estabelecimento de ensino, quanto nas vans escolares. Não será permitido o uso dos bebedouros compartilhados, e serão disponibilizado canecas e garrafas para estudantes e funcionários.>
Quem apresentar sintomas, será afastado das atividades.>
O decreto definitivo sobre a volta às aulas no estado de São Paulo será publicado no dia 2 de julho, afirmou o secretário da Educação do estado, Rossieli Soares.>
Como condição para o início das aulas com 35% dos alunos, o governo do estado estabeleceu que o município deverá estar na fase 3 de flexibilização da quarentena. Para avançar para 75% de alunos presenciais, apenas quando as cidades estiverem na fase 4.>
Os municípios e escolas particulares terão liberdade para definir como será a volta de 35% dos alunos, por exemplo, se voltam apenas com alunos da educação infantil ou só com os estudantes do último ano do ensino médio ou alternando os dias entre as turmas.>
O modelo de retomada gradual nas escolas estaduais será definido em julho.>
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