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Ministério manda 33 empresas suspenderem venda de cigarro eletrônico

Ministério manda 33 empresas suspenderem venda de cigarro eletrônico

Ministério da Justiça diz que o produto tem sido vendido com aparência de legalidade em lojas, apesar de ser proibido pela Anvisa desde 2009

Publicado em 1 de setembro de 2022 às 20:42

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  • Maria Tereza Santos

SÃO PAULO - A Secretaria Nacional do Consumidor, vinculada ao Ministério da Justiça, ordenou a 33 empresas a suspensão da venda de cigarros eletrônicos. A decisão, publicada no Diário Oficial desta quinta-feira (1º), determina que os estabelecimentos deixem de vender o produto em 48 horas sob pena de multa de R$ 5.000 por dia.

O órgão afirma que a "comercialização, importação e propaganda" dos cigarros eletrônicos são proibidas pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) desde 2009.

Homem faz uso de cigarro eletrônico
Homem faz uso de cigarro eletrônico: ministério aponta riscos à saúde do consumidor. (Pixabay)

De acordo com a secretaria, a venda de cigarro eletrônico é "proibida pela legislação sanitária e não atende às certificações dos órgãos competentes de segurança para serem comercializadas". A ordem foi dada a empresas que vão desde tabacarias a grandes sites de compra e venda na internet.

Na decisão, a pasta cita a "venda de produtos em lojas regulares, com aparência de legalidade" e "riscos à vida e à saúde do consumidor". Menciona, ainda, o "aumento exponencial da comercialização e consumo dos produtos pelo público jovem".

Em julho deste ano, Anvisa manteve a proibição de comercialização do produto no Brasil. Na ocasião, relatório técnico aprovado pela agência indicou a necessidade de adoção de medidas adicionais para coibir o comércio irregular destes produtos, tais como o aumento das ações de fiscalização e a realização de campanhas educativas.

A diretoria colegiada da Anvisa ainda vai discutir a proposta normativa e definir se abrirá ou não consulta pública. O relatório está sendo elaborado pelo diretor-presidente, Antônio Barra Torres. A agência não deu estimativa de data.

Em nota, a Abifumo (Associação Brasileira da Indústria do Fumo) afirma que "ações dessa natureza são importantes, pois reforçam o combate ao contrabando e ao comércio ilegal, atividades criminosas que lesam a sociedade brasileira". A entidade critica a falta de regulamentação no país para a comercialização dos e diz que aguarda a revisão da proibição desses dispositivos pela Anvisa.

SAIBA MAIS SOBRE OS CIGARROS ELETRÔNICOS E AS POLÊMICAS SOBRE O SEU USO

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    Os cigarros eletrônicos, também chamados de e-cigarette, vapes, e-pipe, e-ciggy e tabaco aquecido, atuam quase da mesma forma que os cigarros tradicionais. A diferença é que, em vez de queimar por combustão, eles funcionam por vaporização. Isso porque eles contêm um líquido que é aquecido e gera o vapor aspirado pelo usuário. Eles surgiram em 2003, na China. Depois de perder o pai por câncer de pulmão, o farmacêutico Hon Lik criou o dispositivo procurando uma forma de parar de fumar.

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    Segundo defenderam em maio cerca de 50 entidades médicas, não. Diferentemente do que muitos acreditam, os cigarros eletrônicos possuem nicotina na sua composição, que é a grande responsável pelo desenvolvimento do vício. Além disso, provocam o mesmo processo inflamatório no aparelho respiratório e cardíaco dos cigarros convencionais, que levam a hipertensão, aterosclerose, infarto e morte. Só que bem mais rápido. A causa por trás desses desdobramentos está nos outros componentes tóxicos presentes no líquido do vape. "Além da nicotina, ele é composto por partículas ultrafinas de metais pesados, alta concentração de níquel, elementos aromáticos, glicerol e outros aditivos. Essa interação, inclusive, forma novas substâncias desconhecidas", diz a cardiologista Jaqueline Scholz, assessora científica da Socesp (Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo).

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    "O cigarro eletrônico nasceu com a promessa de simular a dependência em nicotina de forma mais leve e, teoricamente, menos tóxica para as pessoas conseguirem deixar o vício. Mas na prática isso não aconteceu", afirma o oncologista Igor Morbeck, membro do Comitê Científico do Instituto Lado a Lado pela Vida. De acordo com a cardiologista Jaqueline Scholz, inicialmente a carga da substância fornecida por esses dispositivos de fato era mais baixa. "Mas os atuais, pertencentes à terceira e quarta geração, são mais potentes. As pessoas até conseguem trocar o convencional pelo eletrônico, mas não param de fumar", alerta a especialista.

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    Em razão desses problemas, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) proibiu a comercialização, importação e propaganda de cigarros eletrônicos no Brasil em 2009. O órgão até abriu discussão para uma possível atualização da resolução dez anos depois, mas a diretoria colegiada, que se reuniu em julho deste ano, decidiu manter a proibição.

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    Defendem a regulamentação desses produtos, com a definição de regras sanitárias, de segurança e de qualidade, para que os consumidores não fiquem expostos a produtos contrabandeados sem controle de fabricação. Dizem que a proibição no Brasil está na contramão do que ocorre no mundo e contribui para crescimento do contrabando e do comércio ilegal diante da alta demanda de fumantes adultos por esses dispositivos.

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