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Grupo de pesquisadores aponta para início da 2ª onda de Covid no Brasil

Grupo de pesquisadores aponta para início da 2ª onda de Covid no Brasil

Seis cientistas de diferentes universidades brasileiras divulgaram nota técnica com análises  sobre a situação da pandemia no país

Publicado em 24 de novembro de 2020 às 13:51

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Mesmo diante da pandemia, as praias da Grande Vitória ficaram lotadas neste domingo, 27
Praias lotadas durante a pandemia: queda dos níveis de isolamento social contribui para disseminação da doença. (Fernando Madeira)

Uma nota técnica sobre a "Situação da Pandemia de Covid-19 no Brasil" foi divulgada por pesquisadores brasileiros nesta segunda-feira (23). Na avaliação do grupo, o país vive o "início de uma 2ª onda" da pandemia do novo coronavírus

Baseados nas estatísticas de casos e mortes do Ministério da Saúde, o estudo apontou que o pico da doença, no Brasil, ocorreu nos meses de julho a setembro. Após esse período, houve uma queda que durou até o início de novembro.

Além dos números de casos e mortes, a análise também levou em conta outros indicadores, como a taxa de transmissão da Covid-19. O ideal é que ela fique abaixo de 1, mas em praticamente todos os Estados brasileiros a taxa está acima de 1,1.

Os seis pesquisadores que assinam a nota técnica afirmam que esse movimento configura o início de uma segunda onda da doença. "A situação no Brasil se deteriorou fortemente nas últimas duas semanas, e o início de uma segunda onda de crescimento de casos já é evidente em quase todos os Estados, de forma particularmente preocupante nas regiões mais populosas do país", comunicam.

O grupo é composto por cientistas de cinco universidades públicas diferentes: Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia Campus Salvador (IFBA), da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Universidade do Estado da Bahia (Uneb) e da Universidade de Brasília (UnB). Eles apontam pelo menos três fatores para o "aumento explosivo" ou "manutenção da grande circulação do vírus". São eles: 

  • Falta de testagem sistemática com rastreamento de casos;
  • Falta de uma política central coordenada, clara e eficaz de enfrentamento da situação;
  • Afrouxamento das medidas de isolamento sem evidências empíricas, sem uma análise cuidadosa por uma painel de especialistas. 

A nota acrescenta que o crescimento no número de casos é consequência de "uma sistemática queda dos níveis de isolamento social, mas também da ausência de campanhas de esclarecimento e falsa sensação de segurança disseminada na população". 

Outro alerta feito é de que "as mortes em excesso por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) indicam fortemente que o número real de mortes por Covid-19 é superior aos valores anunciados, o que também é observado em diferentes proporções em outros países". 

Segundo a projeção feita pelos pesquisadores, o percentual da população infectada nos Estados oscila entre 9% e 28%. "Consequentemente, todos os Estados estão muito longe ainda de atingir uma possível imunidade de rebanho. Permitir que a pandemia se alastre até atingir a imunidade de rebanho implicaria em um número de mortes muito maior do que o já observado até hoje (entre três e quatro vezes maior), com um forte saturação do sistema de saúde, que por sua vez aumentaria ainda mais o número de mortes", aponta a análise. 

Diante das conclusões do estudo, o grupo faz recomendações para conter a doença, entre elas, que os gestores públicos tomem decisões com base na ciência, que o governo federal estabeleça a coordenação central no planejamento com estados e munícipios. Confira quais são: 

  • Gestores públicos devem basear suas decisões na melhor evidência científica disponível;
  • Estabelecer uma coordenação central no governo federal;
  • Políticas de isolamento e distanciamento social devem ser intensificadas o quanto antes, até atingir um controle efetivo da pandemia;
  • Implementar uma extensa política de testagem de infecção pelo vírus SARS-CoV-2, com o rastreamento e isolamento de contatos;
  • Realizar extensas campanhas públicas de informação da população;
  • Implementação de real e efetivo apoio financeiro aos cidadãos menos favorecidos. 

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