Publicado em 23 de novembro de 2020 às 18:09
Os resultados preliminares sobre a eficácia da vacina contra a Covid-19 da Universidade de Oxford indicam que o Brasil pode vacinar, com esse imunizante, cerca de 130 milhões de pessoas em 2021. >
A estimativa é 30% maior da prevista pela Fiocruz, disse à reportagem Marco Krieger, vice-presidente de inovações, nesta segunda-feira (23).>
Atualmente, a fundação, que é vinculada ao Ministério da Saúde, mantém um acordo de transferência de tecnologia com a AstraZeneca e Universidade de Oxford para produção e oferta da vacina no país.>
A previsão da Fiocruz era obter 100,4 milhões de doses por meio de insumos enviados pela AstraZeneca logo após a conclusão da última etapa de testes. Quantidade equivalente era prevista para o segundo semestre, quando a produção deve ser nacional.>
>
Com as mesmas doses, porém, mais pessoas devem ser vacinadas, estima Krieger.>
Isso ocorre porque dados iniciais divulgados pela AstraZeneca apontam eficácia de até 90% com uso de uma dose inicial mais baixa do imunizante seguida por uma segunda dose completa 30 dias depois. Até então, a previsão era que fossem usadas duas doses completas.>
"Isso nos traz um ganho adicional de 30% de cidadãos que vão poder ser vacinados com a mesma quantidade de vacinas que já está na nossa capacidade de produção. É um conjunto de boas notícias.">
"Tínhamos planejado 100 milhões de doses no primeiro semestre, pensando em [vacinar] 50 milhões de brasileiros. E agora serão cerca de 65 milhões que vão receber as duas doses", diz. "E no segundo semestre, mais cerca de 65 milhões.">
Além do modelo que apontou resultado preliminar de até 90% de eficácia, a AstraZeneca também testou outros protocolos de aplicação de doses. Neste outro caso, um grupo recebeu as duas doses completas, com 30 dias de diferença, e a eficácia encontrada foi de apenas 62%. No agregado dos dados dos dois estudos, a eficácia média da vacina foi de 70%.>
Segundo Krieger, a análise de diferentes protocolos de uso de doses é padrão em testes de vacinas. Empresas costumam adotar o modelo que tiver maior eficácia neste caso, possivelmente o que considera uma espécie de primeira dose menor seguida de dose completa.>
"Isso vai permitir uma economia de doses e que tenha um desfecho de 30% maior nas doses do que estávamos planejando", diz.>
O estudo completo com os resultados da fase 3 dos testes ainda não foi publicado. Apesar de altos, os dados preliminares da vacina de Oxford indicam uma eficácia menor que a de outras vacinas concorrentes - que chegam a até 95%, caso da Moderna.>
Para Krieger, porém, a vacina tem outras vantagens, como o custo considerado baixo (inicialmente, planejado em US$ 3,16 a dose), a facilidade de armazenamento e a previsão de produção no Brasil.>
"É uma vacina que é mais barata do mercado e que pode ser estocada e transportada de 2ºC a 8ºC, o que permite que seja incorporada quase que imediatamente no SUS", afirma.>
De acordo com Krieger, até o momento, não há previsão de mudança nos prazos previstos no cronograma. A expectativa da instituição é que as primeiras doses estejam disponíveis até março.>
O uso ficará condicionado ao registro na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Mais cedo, a AstraZeneca anunciou que irá entrar com o pedido de aprovação emergencial ou condicional para as agências regulatórias em todos os países onde desenvolve seus testes clínicos imediatamente.>
A farmacêutica deve ainda buscar um pedido de uso emergencial pela Organização Mundial da Saúde (OMS), visando acelerar os trâmites para disponibilizar a vacina em países de baixa renda.>
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta