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Governo federal ignora metas de desmate em plano até 2031

Governo federal ignora metas de desmate em plano até 2031

No "eixo ambiental" do decreto, as metas de combate ao desmatamento não aparecem, assim como não há nenhuma menção à Amazônia ou ao Pantanal

Publicado em 28 de outubro de 2020 às 12:03

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Área de pasto queimado as margens da Br-319 próximo a Humaitá . A cidade do sul do Amazonas, está no entroncamento da BR-319 com a Rodovia Transamazônica que é a região com maior taxa de desmatamento do estado
Área de pasto queimado as margens da Br-319 próximo a Humaitá . A cidade do sul do Amazonas, está no entroncamento da BR-319 com a Rodovia Transamazônica que é a região com maior taxa de desmatamento do estado. (Lalo de Almeida/Folhapress)

Os desmatamentos recordes promovidos pelo governo Jair Bolsonaro foram completamente ignorados na "Estratégia Federal de Desenvolvimento para o Brasil", publicada em decreto pelo governo nesta terça-feira (27). Ela estabelece uma série de diretrizes e metas econômicas, sociais e ambientais dentro do planejamento do governo, para o período de 2020 a 2031.

No "eixo ambiental" do decreto, as metas de combate ao desmatamento não aparecem, assim como não há nenhuma menção à Amazônia ou ao Pantanal, biomas que, desde o ano passado, registram os piores níveis históricos dos últimos anos em relação a desmatamentos e queimadas. A atenção do governo está voltada, basicamente, a tratamentos urbanos. Uma das metas prevê que a quantidade de lixões e aterros controlados em operação, que somavam mais de 2,4 mil locais em 2017, seja totalmente zerada até 2031.

O tratamento de esgoto coletado, realidade para 46% da população, chegaria até a 77% em 2031. Essa meta, na prática, joga fora o plano de ter cobertura de todo o território nacional até 2033, como previa o Plano Nacional de Saneamento Básico (Plansab) até o ano passado. Sobre as perdas no sistema de distribuição de água, o índice que hoje é de 37% cairia até 25% daqui a 11 anos.

De forma genérica, sem citar nenhum dado efetivo, o decreto afirma que o "desafio" do governo é "assegurar a preservação da biodiversidade, a redução do desmatamento ilegal, a recuperação da vegetação nativa e o uso sustentável dos biomas nacionais".

Para "garantir a continuidade do declínio do desmatamento ilegal", o governo afirma que deve "impulsionar a recuperação de áreas desmatadas e degradadas com a utilização de tecnologias adaptadas a cada bioma", além de "reduzir a ameaça de extinção de espécies da biodiversidade brasileira".

Na semana passada, o vice-presidente, Hamilton Mourão, admitiu que o governo federal ainda tem muito o que fazer e apresentar, efetivamente, em medidas de proteção ao meio ambiente. "O governo está agindo. Agora, precisa apresentar melhores resultados. Isso é uma realidade", declarou, após encontro realizado na sexta-feira, no Itamaraty,com embaixadores europeus.

O vice-presidente, que comanda o Conselho Nacional da Amazônia, um comando militar que atua na floresta, disse que o Brasil persegue a meta de reduzir o desmatamento atual para menos da metade da área degradada, até 2023, chegando a cerca de 4 mil km². "Seriam aqueles números melhores que nós tivemos na década passada. Temos de fazer o impossível para que isso aconteça", comentou Mourão, um dia após o presidente Jair Bolsonaro declarar que diplomatas estrangeiros não vão encontrar "nada queimando ou sequer um hectare de selva devastada" na Amazônia.

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