Publicado em 25 de junho de 2020 às 08:59
A Câmara dos Deputados terminou de votar nesta quarta-feira (24) o projeto de lei que altera o Código de Trânsito Brasileiro, dobrando o limite de pontos permitidos na Carteira Nacional de Habilitação (CNH), além de aumentar o prazo de validade para a renovação do documento, entre outros mudanças. >
O projeto, de autoria do governo Jair Bolsonaro e que foi alterado pelos deputados, ainda precisa passar pelo Senado Federal e por sanção do presidente antes de virar lei.>
Parte das mudanças propostas, no entanto, enfrenta resistência entre entidades e especialistas na área de segurança do trânsito, especialmente a que aumenta o limite de infrações que os motoristas podem cometer.>
Hoje, o motorista que comete infrações recebe, além de multas, pontuações por cada irregularidade (que variam entre 3 e 7 pontos). Se somar 20 pontos em menos de um ano, o condutor perde a habilitação para dirigir.>
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Pelo projeto aprovado, o limite sobe para 40 pontos para quem não cometeu nenhuma infração gravíssima. Se houver uma infração gravíssima, passa a ser de 30 pontos, e de 20 pontos se houver duas ou mais. A mudança foi inserida no texto aprovado pelos deputados - a proposta do governo federal previa 40 pontos para todos os casos>
Um sistema rígido de pontuação "é responsável pela redução de 11% a 40% na comissão de infrações e consequente redução de 15% a 34% das mortes no trânsito, de acordo com diversos estudos internacionais", afirma Hannah Machado, coordenadora de Desenho Urbano da Iniciativa Bloomberg de Segurança Viária Global.>
Para ela, a mudança proposta "pode levar a uma redução imediata do poder dissuasivo do sistema, incentivando mais infrações, colisões e atropelamentos que levam a lesões e mortes no trânsito. A fiscalização e a penalização têm um papel fundamental na mudança do comportamento e da educação das pessoas".>
Em sua visão, o texto acerta, porém, ao instituir na lei a obrigatoriedade da cadeirinha, o dispositivo de retenção infantil.>
É este também um dos principais méritos do projeto para Antonio Meira Júnior, presidente da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet), que afirma que a Câmara conseguiu atenuar o que foi proposto pelo governo federal.>
Rafael Calabria, especialista em mobilidade do Idec (Instituto de Defesa do Consumidor), afirma que a exigência da cadeirinha perde seu impacto positivo uma vez que "os motoristas agora podem violar duas vezes mais as regras", diz.>
"O texto enviado pelo governo federal, com flexibilização para todos, era inaceitável. Agora, com as mudanças propostas, está apenas ruim. Mas a proposta ainda deve enfrentar bastante pressão no Senado, porque os secretários de transporte estão preocupados", diz.>
Para o consultor em transporte Sergio Ejzenberg, o aumento do limite de pontos é negativo, mas a fiscalização enseja melhora, sobretudo nas de infrações de velocidade, quando bons motoristas podem ser penalizados por radares mal colocados, afirma.>
No entanto, o especialista se diz favorável ao aumento do limite para motoristas profissionais. "Eles circulam até 15 vezes mais que um motorista amador. Por estar mais sujeito a infração, pode perder a carteira e, assim, o emprego. Por isso, é preciso um limite mais elástico, porque eles estão mais expostos mesmo dirigindo bem.">
Já a ampliação da validade da habilitação é questionada por ele. "Em 10 anos, muita coisa muda na vida de uma pessoa. Você pode ter problema de visão, de audição e motor. Se é para mudar, que a razão técnica seja explicitada pela área médica, e não que isso seja feito por uma decisão administrativa.">
Emenda aprovada nesta quarta incluiu no texto que as novas regras sobre a validade também valem para motoristas profissionais, como taxistas, serviços por aplicativo e condutores de ônibus e caminhões.>
Projeto ainda depende de aprovação no Senado>
Limite de pontuação>
Validade da CNH>
Cadeirinha
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Velocidade alta>
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