Publicado em 31 de outubro de 2024 às 20:51
RIO DE JANEIRO - Os familiares da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes comemoraram nesta quinta-feira (31) no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro a condenação dos ex-PMs Ronnie Lessa e Élcio Queiroz pelo homicídio dos dois, em março de 2018.>
Eles acompanharam do plenário todos os dois dias de julgamento. Após choros, abraços e conforto mútuo ao longo das cerca de 32 horas de sessão, eles declararam ver justiça na sentença proferida pela juíza Lúcia Glioche, do 4º Tribunal do Júri.>
"A gente responde com muita força, afinco e responsabilidade. Enquanto tiver sangue correndo nas nossas veias, enquanto estivermos vivos vamos defender o legado de Marielle e Anderson. As pessoas precisam parar de normalizar os corpos que caem nesse país", disse a ministra Anielle Franco (Igualdade Racial), irmã de Marielle.>
"A gente sempre falou desde o começo que a gente não ia desistir e parar enquanto a justiça não fosse feita. Foram muitos dias, noites, anos cuidando dos meus pais, numa dor que não tem nome. O maior legado da Marielle para o país é a prova de que pessoas negras, favelas, mulheres merecem permanecer viva.">
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A vereadora Mônica Benício, viúva de Marielle, elogiou o duro discurso da juíza Glioche contra Lessa e Queiroz, bem como a menção aos familiares, tratados como vítimas do homicídio que permenceram vivas.>
"O discurso feito na sentença fez jus ao que representa. Marielle foi assassinada pelo que defendia. Não há justiça possível. Mas esse é um marco para que nunca aconteça mais. Esse é o principal recado. Marielle presente é levar sua memória adiante para derrotar o mal", disse ela.>
Marinete da Silva, mãe da vereadora, disse que o resultado não era esperado apenas pelos familiares, mas por toda a sociedade. "Não só eu enquanto mãe, mas o Rio, o Brasil e o mundo esperávamos por isso. São seis anos lutando e nunca paramos de acreditar. Eles, sim, têm que pagar.">
Antônio da Silva, pai de Marielle, disse que a mobilização da família não se encerra com o julgamento.>
"Nossa luta começa no dia 15 de março e ecoou. Quem matou Marielle e Anderson? Essa foi a primeira pergunta. Nós tivemos a resposta com a condenação dos réus confessos. Era de suma importância a condenação deles. Mas isso não acaba aqui porque tem mandantes", disse ele.>
"Agora a pergunta é quando serão condenados os mandantes. Aquele choro que exibem nas oitivas não é um choro sincero. Choro sincero foi o nosso. Podemos até dar o perdão a eles. Mas eles não estão arrependidos. Marielle e Anderson não vão voltar. Esse vazio teremos eternamente nas nossas vidas.">
A servidora pública Agatha Arnaus, viúva de Anderson, disse que foi difícil ouvir o pedido de perdão dos acusados.>
"Difícil ouvir um pedido de perdão de alguém que claramente, então tem arrependimento. Quem tem que perdoar é Deus ou qualquer coisa que ele acredite. Eu não perdoo nunca. Não perdoo. Eu tenho paz na minha vida, mas não preciso perdoar. Que eles eram assassinos a gente já sabia. Mas temos ex-parlamentares e ex-chefe de polícia que tem de ser responsabilizados. Eles gastavam dinheiro com isso em vez de olhar a população. A morte deles foi encomendada com dinheiro nosso", disse ela.>
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