Publicado em 11 de setembro de 2025 às 17:33
BRASÍLIA - Na leitura de seu voto nesta quinta-feira (11) no julgamento da trama golpista, a ministra Cármen Lúcia afirmou que o Brasil tem uma história repleta de rupturas institucionais, que o processo é um encontro do país com seu passado, presente e futuro, lançou indiretas ao colega Luiz Fux, que falou por mais de 12 horas na quarta-feira (10) em seu voto, e definiu Jair Bolsonaro (PL) como líder da organização criminosa. >
Com o voto da ministra, o STF formou maioria para condenar o ex-presidente e os outros réus do núcleo central da trama golpista pelos crimes apontados pela PGR (Procuradoria-Geral da República).>
Entre os crimes estão o de tentativa de golpe de Estado e de abolição do Estado democrático de Direito.>
O voto de Cármen foi o quarto, após o relator, Alexandre de Moraes, Flávio Dino e Fux. Leia abaixo algumas das principais frases da ministra.>
>
BRASIL E AUTORITARISMO>
A ministra descreveu o processo como um encontro do Brasil com seu passado, presente e futuro, revelador dos avanços republicanos e obstáculos democráticos na história do país.>
"Há processos que despertam maior ou menor interesse da sociedade, o que não é também nada de novo, seja em uma cidade pequena, seja para todo o país. Toda ação penal impõe um julgamento justo e aqui não é diferente. O que há de inédito, talvez, é que nessa ação penal pulsa o Brasil que me dói. A presente ação penal é quase um encontro do Brasil com seu passado, com seu presente e com seu futuro, mas na área especificamente das políticas públicas dos órgãos de Estado".>
Cármen Lúcia
No julgamento da trama golpistaDOR E ESPERANÇA>
Cármen Lúcia
No julgamento da trama golpistaVÍRUS DO AUTORITARISMO>
Cármen Lúcia
A ministra ainda fez menção ao assassinato de Charlie Kirk, apoiador de Donald Trump que foi alvo de ataque na Utah Valley University nesta quarta-feira (10).>
"Houve um grave crime político. Um jovem [Charlie Kirk], que é de uma posição política aparentemente do lado do atual presidente dos Estados Unidos [Donald Trump], mas pouco importa, levou um tiro. E é curioso notar, porque há uma ideia segundo a qual anistia, o perdão, é igual à paz. E foi feito perdão nos Estados Unidos. E não há paz".>
No julgamento da trama golpista>
Cármen Lúcia
ESTADO DEMOCRÁTICO>
Cármen Lúcia
INDIRETA A FUX>
Em dobradinha com o colega Flávio Dino, Cármen fez críticas indiretas a Luiz Fux, que proibiu os demais ministros de fazerem comentários ao longo de seu voto de mais de 12 horas.>
Cármen Lúcia
A ministra também fez menção indireta à mudança de posicionamento de Fux em relação ao tema do foro privilegiado em seu voto na quarta-feira.>
"Também se alegou sobre a competência do STF e desta Primeira Turma. Como outros que vieram em 19 anos e meio integrando este STF, este tema veio para nós desde 2007 quando veio a AP 470. E eu sempre votei do mesmo jeito. Entendo que pelas características, e das pessoas indicadas que se faziam acompanhar, entendo que a competência é do STF. Então não há nada de novo para mim">
BOLSONARO LÍDER>
Em seu voto, a ministra destacou que enxerga prova cabal de que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) liderou grupo para atacar instituições democráticas e se perpetuar no poder.>
"Acho e já antecipo que fez prova cabal de que o grupo liderado por Jair Messias Bolsonaro, composto por figuras-chave do governo, das Forças Armadas e de órgãos de inteligência, desenvolveu e implementou plano progressivo e sistemático de ataque às instituições democráticas com a finalidade de prejudicar a alternância legítima de poder nas eleições de 2022 e minar o livre exercício dos demais Poderes constitucionais, especialmente do Poder Judiciário".>
Cármen Lúcia
URNAS ELETRÔNICAS>
Cármen Lúcia
CAUSO>
Em momento mais descontraído do voto, Cármen Lúcia disse que foi abordada por uma pessoa que confundiu "neutralização" com "harmonização" de Alexandre de Moraes.>
Cármen Lúcia
ATOS EXECUTÓRIOS>
A ministra afirmou que a PGR conseguiu demonstrar que os réus agiram coletivamente para tentar a ruptura institucional e não ficaram somente em considerações hipotéticas ou em estágio de preparação.>
"Tudo isso mostra cabalmente ações de grupo, violência em potencial ou violência grave, ameaças graves, ações de toda natureza praticadas, portanto cumprindo-se rigorosamente todas as exigências legais (...) Atos tidos como preparatórios não podem se considerar atos sem efeito, mas nós estivemos próximo mesmo de uma ruptura institucional, próximos mesmo".>
Cármen Lúcia
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta